AS AULAS AVULSAS DE LATIM NA COMARCA DAS ALAGOAS

DOS CONVENTOS FRANCISCANOS A UMA EDUCAÇÃO NÃO DIRIGIDA POR RELIGIOSOS

Autores

  • Ivanildo Gomes dos Santos UFAL

Palavras-chave:

Gramática Latina; Aulas Avulsas; Conventos Franciscanos; Alagoas.

Resumo

O investimento deste estudo é revelar os primeiros focos de irradiação da cultura letrada nas Alagoas, a partir das aulas de Gramática Latina. As primeiras notícias de uma educação institucionalizada nas terras alagoanas apareceram no início século XVIII e davam conta das aulas de Latim.

A pesquisa consistiu na localização dos primeiros mestres, dos saberes e manuais adotados, dos objetivos morais do ensino do Latim, dos embates dos professores não religiosos com a moral católica, das relações político-sociais, interesses e poder nas aulas de Gramática Latina. Estas funcionavam inicialmente nos conventos franciscanos de Santa Maria Madalena, na Vila das Alagoas (atual cidade de Marechal Deodoro), e Nossa Senhora dos Anjos, na Vila do Penedo, ambos erguidos no século XVII. Dentre os religiosos que ministravam aulas de Latim estavam frei Nicolau do Paraíso, que lecionou de 1718 a 1726 e frei Manoel de Jesus Maria, mantendo aulas de 1755 a 1758.

Apenas no final do século XVIII e início do século XIX essas aulas passaram a ser dirigidas por professores não religiosos. As cadeiras seculares foram criadas a pedido das câmaras e eram frequentadas pelos moradores das vilas que não tinham recursos para enviar seus filhos até Recife, nem podiam pagar mestres particulares ou mesmo enviá-los a Portugal. No embate entre professores e a Igreja, João Mendes Sanches Salgueiro, primeiro professor público de Latim da sede da Comarca das Alagoas, foi acusado pela Santa Inquisição por supostamente fazer proposições heréticas, pois “mostrava desprezo das imagens de Nossa Senhora, dizia que não havia Inferno e fazia zombaria da religião”. Outro que se envolveu em contendas foi o professor José Fernandes Gama que entrou em querela com o Bispo de Olinda e Diretor Geral de Estudos, D. José da Cunha Azeredo Coutinho, acusando desvio do Subsídio Literário por parte do prelado.

Para discussão das categorias de análise utilizou-se os aportes teórico-metodológicos de Chervel e Compère (1999), Elias (2006), Fonseca (2009) e Arriada, Nogueira e Vahl (2012), buscou-se discutir valores, crenças, costumes e normas dos diferentes grupos sociais e indivíduos. Como parte dos resultados preliminares podemos evidenciar que as ideias de civilidade, ordem e sociabilidades eram extremamente difundidas e davam o tom pedagógico da cadeira, sendo que a formação moral dos alunos dependia não apenas dos saberes contidos nos manuais, mas sobretudo, do bom exemplo que o professor deveria propagar.

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Publicado

2023-08-17

Edição

Seção

EIXO TEMÁTICO - História das disciplinas escolares