CONSCIENTIZAÇÃO DO USO DE DROGAS PSICOATIVAS RELACIONADAS AOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

Autores

  • Izadora Maria Monteiro Gomes Mitidieri Unit
  • Bianca Lima de Souza
  • Jéssica Santos Neves
  • Bianca Aguiar Melo
  • Beatriz Matos Gomar
  • Maria Tereza Trindade Teixeira
  • Maria Santos Brito
  • Sofia Barros de Souza Peixoto
  • Cleberson Franclin Tavares Costa

Resumo

INTRODUÇÃO

O caminho para a profissionalização no futebol traz muitos obstáculos, dentre eles, o ambiente competitivo e com poucas oportunidades, o que leva o jovem a mergulhar na incerteza do seu futuro profissional. Diante disso, os transtornos de ansiedade tornam-se uma realidade cada vez mais presente para esse grupo.  

Além disso, a realidade cheia de cobranças e exigências, também abre portas para o uso de drogas, seja de forma recreativa, meio de aliviar a ansiedade, ou ainda, para alívio de  desconfortos trazidos pelo treinamento extenuante dos jogadores. Para qualquer que seja o fim, sabe-se que o uso de drogas psicoativas trazem consequências imensuráveis para os usuários, com prejuízos para a saúde orgânica e psicológica. 

Diante do exposto, esse trabalho tem o intuito de conscientizar os jovens jogadores de futebol sobre a melhor maneira de lidar com a ansiedade, de modo a prevenir o uso de drogas, no contexto social descrito. Uma vez que essa população encontra-se vulnerável ao uso de psicoativos, faz-se necessário levá-los a refletir sobre os prejuízos do uso de drogas.

  • Objetivo geral: Conscientizar crianças e jovens atletas de futebol acerca da ansiedade no esporte e suas consequências no uso de drogas psicoativas. 
  • Objetivos específicos: Educar acerca da ansiedade no esporte em jovens atletas de futebol; Prevenir o uso de drogas psicoativas em jovens atletas de futebol;

REFERENCIAL TEÓRICO

O futebol, esporte mais popular de todo o mundo, introduz, de modo ininterrupto, gerações de crianças e adolescentes - especialmente do gênero masculino - à prática de exercícios físicos. A prática de tal desporto promove valências individuais que não se restringem ao aspecto fisiológico, uma vez que, fazer parte de esportes coletivos contribui para a formação de jovens com habilidades interpessoais aguçadas, capacidade aumentada para a racionalização de imbróglios cotidianos, além de um desempenho escolar superior em comparação com aqueles que não o fazem (Macy et al., 2021). Para além de uma atividade de lazer, o futebol no Brasil é também um meio de acesso para jovens que buscam o sonho da profissionalização atlética, especialmente aqueles com condições socioeconômicas desfavoráveis (Souza et al., 2023). 

As drogas psicoativas são substâncias que agem alterando o funcionamento cerebral, sejam elas depressoras, estimulantes ou perturbadoras. Tendo em vista tal fato, nota-se o crescimento do uso das mesmas entre jogadores de futebol visando, principalmente, a melhora de desempenho, resultados e condicionamento nos jogos. No entanto, o uso e abuso de muitas dessas substâncias, não são veementemente discutidos. Além disso, o uso dos mesmos para a redução de estresse e ansiedade, foi associado ao aumento das chances de uso indevido de opióides prescritos nos últimos 30 dias (Dunne, et al., 2020).

A ansiedade fisiológica é importante, sendo fundamental para a defesa e a sobrevivência do ser humano, podendo ainda ter uma influência positiva no desempenho atlético quando em níveis moderados (Siqueira, 2021). No entanto, ansiedade exagerada pode influenciar negativamente no desempenho dos jogadores. Ademais, os atletas são expostos a estressores diários, como pressão psicológica e treinamento excessivo, os quais contribuem para a ansiedade patológica. Logo, percebe-se uma prevalência que varia entre 1,0% e 37,3% de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em jogadores de futebol (Junge, 2019).

O TAG pode causar inúmeras consequências na vida do atleta de futebol, como a baixa performance. Diante do contexto apresentado, é imprescindível que atletas de futebol possuam acompanhamento psicológico, visando melhorar o estado mental do jogador, em prol de otimizar o desempenho individual e em equipe (Siqueira, 2019).

PROCEDIMENTOS DE OPERACIONALIZAÇÃO DO PROJETO DE EXTENSÃO

No dia 14 de setembro de 2023 foi realizada uma reunião  (Imagem 1) na qual foram definidas as datas dos encontros e estabeleceu-se a necessidade de desenvolver um questionário sociodemográfico (Imagem 2), o qual começou a ser aplicado no mês de setembro e segue em andamento no mês de outubro.

No dia 20 de setembro de 2023 foi realizada uma outra reunião, em que surgiu a demanda da criação de uma identidade visual, visando tornar o projeto mais atrativo para o público dos atletas com idade entre 15-17 anos (Imagem 3). 

No dia 30 de setembro de 2023 ocorreu uma visita presencial ao Clube Esportivo para compreender melhor a dinâmica e a função do orientador como psicólogo do time. 

Imagem 1 – Reunião 14/09/2023

Imagem 2 – Questionário Sociodemográfico


Fonte: Acervo do projeto (2023)

Imagem 3 – “Base Consciente”: Identidade Visual do Projeto

Fonte: Acervo do projeto (2023)

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a aplicação de um questionário sociodemográfico elaborado pelas próprias discentes do projeto de extensão, foi possível triar alguns dados muitos importantes para a posterior intervenção, buscando promover uma abordagem mais personalizada e voltada aos  principais problemas detectados nos jovens atletas de futebol.

A partir dos dados obtidos na entrevista dos 24 jovens atletas de futebol com idade variando entre 15 e 17 anos, percebe-se que grande parte (n=15) são residentes da cidade de Aracaju, sendo o restante residentes de outras cidades de Sergipe (n=7) e residentes de outros estados (n=2). No que diz respeito à renda familiar, a média referida foi de 2,75 salários mínimos. 

Outros dados de suma importância na saúde dos atletas são: plano de saúde, assistência psicológica e consumo de drogas lícitas e ilícitas. 41,7% dos atletas afirmaram possuir plano de saúde, enquanto os outros se agrupam na população SUS dependente. Além disso, 6 dos jovens já precisaram/fizeram algum tipo de acompanhamento psicológico (Gráfico 1) e desses, cerca de 65% desses possuíam plano de saúde. 

Quando perguntados acerca do consumo de drogas lícitas e ilícitas, 20 atletas afirmaram conviver em seu ambiente familiar com o consumo constante de álcool, 4 com o consumo de tabaco e 6 com o consumo de drogas ilícitas. Já no que se refere ao consumo próprio, nenhum dos atletas manifestou já ter feito uso de drogas ilícitas, entretanto 11 deles, o que corresponde a 45,8% afirmaram já terem usado álcool em algum momento e 54,2% afirmaram nunca ter feito uso de drogas (Gráfico 2).

Ao analisar outros trabalhos científicos, percebe-se que dentre as substâncias que são utilizadas, o álcool é a de maior importância. Em 2016, 43% da população com 15 anos ou mais utilizava álcool (OMS, 2018). O Álcool, também é a substância mais usada por atletas universitários, seguido pela maconha, que fica em segundo lugar. (Reardon, 2017). Assim, nota-se uma concordância entre os dados encontrados no questionário sociodemográfico.

Gráfico 1 – Faz ou já fez algum acompanhamento psicológico

Gráfico 2 – Já fez uso de alguma droga lícita ou ilícita. Se sim, qual?

Fonte: Dados preliminares do projeto (2023)

Imagem 4 – Fotos da Atividade de Extensão

Fonte: Acervo do projeto (2023)

CONCLUSÕES

          Diante da análise dos dados, conclui-se que a maioria dos atletas dependem do SUS, pouco menos da metade já tiveram contato com bebida alcoólica, no entanto uma parcela convive no meio familiar com álcool, tabaco e drogas ilícitas. Assim,é imprescindível a conscientização do grupo em questão, devido a alta vulnerabilidade social. 

REFERÊNCIAS

DUNNE, Eugene M., et al. “Reasons for Prescription Opioid Use While Playing in the National Football League as Risk Factors for Current Use and Misuse Among Former Players”. Clinical Journal of Sport Medicine, vol. 30, n. 6, p. 544–549, 2020. https://dx.doi.org/10.1097/JSM.0000000000000628

 

JUNGE, Astrid; BIRGIT, Prinz. Sintomas de depressão e ansiedade em 17 times de jogadoras de futebol, incluindo 10 times da primeira liga alemã. Jornal Britânico de Medicina Esportiva, vol. 53, no. 8, pp. 471–477, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bjsports-2017-098033. Acesso em: 20 de out 2023

 

MACY, Jonathan T., et al. “Fewer US Adolescents Playing Football and Public Health: A Review of Measures to Improve Safety and an Analysis of Gaps in the Literature.” Public Health Reports, vol. 136, n. 5, 18 Fev. 2021, p. 562–574, https://doi.org/10.1177/0033354920976553  

 

REARDON, Claudia. Psychiatric Comorbidities in Sports. Neurol Clin. 2017 A. doi: 10.1016/j.ncl.2017.03.007. Epub 30 de maio 2017 

 

SIQUEIRA, Bruno. Influência da Ansiedade, Motivação e Concentração Na Performance De Atletas De Futebol. Orientador: Afonso Machado. TCC - Educação Física, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências, Rio Claro. 2021. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/fc8aa64e-c1ff-480e-9722-537ceef8df9e/content#:~:text=Acredita%2Dse%20que%20pode%20ser,maneira%20positiva%20e%2Fou%20negativa. Acesso em: 20 out de 2023

 

SALIM, Iuri, et al. “ENTRE FUTEBOL E ESCOLA: UMA ANÁLISE BOURDIEUSIANA SOBRE DUPLA CARREIRA NO BRASIL.” Educação & Sociedade, vol. 44, 2023. Scielo, https://doi.org/10.1590/es.269734


WHO. World Health Organization. Global status report on alcohol and health 2018. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241565639 . Acesso em: 9 ago. 2023

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Publicado

2024-01-24

Edição

Seção

Saúde, Qualidade de Vida, Cultura e Justiça