O CONTINGENCIAMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE - PNAISP NO SISTEMA PRISIONAL EM ALAGOAS: as formas jurídicas e administrativas do Biopoder nas políticas de saúde no cárcere.

Autores

  • Roberto Barbosa de Moura Centro Universitário Tiradentes
  • Yasmin da Rocha Teixeira Centro Universitário Tiradentes

Palavras-chave:

Biopoder, PNAISP, Direitos Humanos, Cárcere, Saúde.

Resumo

O trabalho em voga analisa o PNAISP através de sua práxis, almejando tanger o como a burocratização desta política pode ser uma palavra mortífera sob forma jurídica e administrativa (ZAFFARONI, 2012, p.29), tornando a presente investigação reveladora de tecnologias do Biopoder na modernidade colonial e dependente (MBEMBE, 2011, p.46) que atravessam os sujeitos ativos e passivos do PNAISP, seja: Biopolítica (controle dos corpos), Necropolítica (deixar morrer no cárcere) e que utiliza o Poder Disciplinar como lócus de sua aplicação (cárcere).  A metodologia utilizada foi de pesquisa documental através de requisição de dados à Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social - SERIS, e entrevista qualitativa semidirigida a chefe do setor de saúde (enfermagem) do complexo penitenciário de Maceió/AL, tendo a entrevistada autorizada sua divulgação em gravação, preenchendo o caráter ético desta pesquisa. Os resultados obtidos fizeram identificar, primeiramente, que o estado de Alagoas foi um dos primeiros a assinarem a Política. No entanto, há de se destacar que o ponto nevrálgico que emerge a importância desta pesquisa foi de perceber que por um lado a política sofre uma série de óbices burocráticos que aparelham a utilização dos fundos advindos do PNAISP, não garantindo sua utilização de forma eficaz e eficiente, de outra forma, e como corolário desta, foi perceptível que o PNAISP por ser um fundo rígido não tem o condão de sanar problemas estruturais básicos, tal como o de garantir a escolta de agentes penitenciários aos presos para atendimento médico de maior complexidade, pois dentro do sistema prisional, só se atende atenção primária, sendo necessário que os presos e presas acometidos por enfermidades que precisem de atenção de maior densidade necessitem da escolta, ao qual restou comprovado que há apenas uma por dia, quando há, visto os empecilhos administrativos dos próprios agentes e da demanda de 4.369 presas e presos no estado de Alagoas (SERIS, 2017, online). Portanto como problema secundário, tem-se o imbróglio dos agentes penitenciários e suas políticas sindicais, trabalhistas que também aparelham o PNAISP e o direito a saúde das pessoas privadas de liberdade. Conclui-se que o PNAISP em Alagoas necessita poder ser flexível ao ponto de sanar as demandas de saúde que abarcam o complexo penitenciário, que vão desde comprar material básico de saúde até subsidiar um maior contingente de escolta para atendimento integral de maior gravidade para além do atendimento primário, por fim, cabe destacar que o PNAISP vem servindo a uma racionalidade de Estado, nova razão do mundo (DARDOT; LAVAL, 2016), uma vez que vem sendo aplicado precipuamente em recursos humanos e de forma rentista, portanto se conclui o dever ético de maior fiscalização dos conselhos penitenciários e de saúde na aplicação desta política. 

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Biografia do Autor

Roberto Barbosa de Moura, Centro Universitário Tiradentes

Estagiário da Defensoria Pública do Estado de Alagoas - DPE/AL - 30h/semana, atuando no Núcleo Criminal (Tribunal do Juri) e no Núcleo Penitenciário. Membro associado do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCrim, participou da 2ª Edição (2016) do Laboratório de Ciências criminais do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCrim sob a orientação do Prof. Dr. Hugo Leonardo Rodrigues Santos, ao qual cominou com a monografia intitulada: MORTOS NOS CÁRCERES DE ALAGOAS ENTRE 2012 E 2015: a dinâmica prisional e a função de morte no Biopoder. Membro do grupo de estudo e pesquisa Biopolítica e Processo Penal, orientado pelo Prof. Dr. André Sampaio (Centro Universitário Tiradentes - UNIT - AL). Pesquisador do Programa Voluntário de Iniciação Científica - PROVIC do Centro Universitário Tiradentes - UNIT/AL Membro associado da Rede de Pesquisa Empírica em Direito - REED. Áreas de estudo: História Crítica das Ideias Penais, Biopolíticas, Esquizoanálise, Processo Penal, Direito Penal e Criminologia. Referências teóricas: Foucault, Deleuze, Guatarri, Agamben, Aury Lopes Jr., Nietzsche. Ademais, o pesquisador carrega uma bagagem de conhecimento adquirida na passagem pelo curso de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas, o qual não completou, mas obteve proximidade com o Marxismo - Marx, Rosa Luxemburgo, José Paulo Netto, Lukács e Mészáros.

Referências

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: Ensaio sobre a Sociedade Neoliberal. Tradutora: Mariana Echalar. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: seguido de Sobre el gobierno privado indirecto. Traducíon y edicíon: Elizabeth falomir Archambault. Melusina [sic], 2011.

SECRETARIA DE ESTADO DE RESSOCIALIZAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL – SERIS. Mapa Carcerário. Disponível em: <http://www.seris.al.gov.br/populacao-carceraria/mapa-16-24.10.2017-a-25.10.2017.pdf>. Acesso em 25 de outubro de 2017.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. A palavra dos mortos: conferências de criminologia cautelar. Tradutores: Cecília Perlingeiro, Gustavo de Souza Preussler, Lucimara Rabel, Maria Gabriela Viana Peixoto. São Paulo: Saraiva, 2012.

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Publicado

2020-08-13

Como Citar

Moura, R. B. de, & Teixeira, Y. da R. (2020). O CONTINGENCIAMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE - PNAISP NO SISTEMA PRISIONAL EM ALAGOAS: as formas jurídicas e administrativas do Biopoder nas políticas de saúde no cárcere. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (5). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/8418

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas