A SEMIÓTICA PELAS LENTES DE SEBASTIÃO SALGADO
Palavras-chave:
Análise, Sebastião Salgado, SemióticaResumo
A linguagem é intrínseca ao ser humano, tendo sido fruto da criação cultural do mesmo para comunicar-se verbalmente, através da escrita, desenhos e diversas expressões. Por meio da compreensão dos fundamentos da ciência dos signos e linguagem, então conhecida como Semiótica, ciência geral de todas as linguagens, pretendemos analisar os recursos semióticos presentes na obra do aclamado fotografo brasileiro Sebastião Salgado, conhecido principalmente por capturar os elementos de resistência do ser humano, a opressão e os limites. Salgado debruça-se sobre as adversidades do ser humano em sua essência, voltando-se para a migração, os refugiados, a fome e a religiosidade. Fora escolhida uma fotografia em preto e branco, modelo predominante nos trabalhos de Salgado, acentuados de signos e símbolos provenientes de interpretações. Realizamos uma análise aplicada, qualitativa e descritiva. A peça em estudo a que nos referimos retrata uma mulher cega, africana, de origem tuaregue, povo nômade. Apesar de ser desconhecida a origem da palavra tuaregue, acredita-se que deriva do árabe “abandonados” em alusão as regiões que esses povos habitam, em geral ambientes hostis à ocupação humana, como áreas do deserto do Saara, que não apresentam qualidade de vida. A fotografia examinada exibe a mulher como conteúdo principal da obra, a partir da qual podemos começar a compreende-la como seu objeto simbólico. Por meio dos fundamentos semióticos peircianos, atentamo-nos a destrinchar as particularidades presentes na fotografia, que são também elementos de caráter denunciativos de aspectos sociais. Procuramos evidenciar o funcionamento das cores para o que a obra se propõe, de acordo com a estratégia reflexiva do artista, esclarecendo a manifestação dos caracteres indiciáticos, icônicos e simbólicos propostos pela semiótica aplicada na fotografia em estudo. Afim de ampliar a visão do mundo em que vivemos e das condições sociais, da mesma forma que o fotografo propõe, usamos os preceitos semióticos para representar os signos e significantes na obra, invocando os elementos estéticos visando enfatizar como a composição e a construção da foto se fazem compreensíveis ao observador. Constatado pelos conhecimentos semióticos, propostos pelos principais autores semiólogos, Lucia Santaella e Charles Sanders Peirce, o fotógrafo preserva na imagem uma relação com o real, o que atribui a suas obras uma configuração documental e, desta forma, valor de verdade. Por meio desta análise, evidenciamos os propósitos e sentimentos que a fotografia busca despertar ao ser observada. A dramaticidade da cena capturada, composta por essas características, apresenta um semblante passível de muitas interpretações a respeito da condição da mulher.
Downloads
Referências
GREIMAS, Algirdas Julien. Semiótica do discurso científico. Da modalidade. Tradução de Cidmar T.Pais. São Paulo. DIFEL, 1976.
SANTANELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2005. Coleção Primeiros Passos.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Semana de Pesquisa do Centro Universitário Tiradentes - SEMPESq - Alagoas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Oferece acesso livre e imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico contribui para a democratização do saber. Assume-se que, ao submeter os originais os autores cedem os direitos de publicação para a Sempesq. O autor(a) reconhece esta como detentor(a) do direito autoral e ele autoriza seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído e impresso, desde quando citada a fonte.