ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SURDO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores

  • Gabrielle Leite Pacheco Lisbôa Centro Universitário Tiradentes - UNIT/AL
  • Karla Regina Rocha Costa Centro Universitário Tiradentes - UNIT/AL

Palavras-chave:

Cuidado de Enfermagem, Estratégia Saúde da Família, Surdez

Resumo

Introdução: A comunidade surda é minoria linguística e cultural que vem sofrendo marginalização em grande parte dos serviços públicos, enfrentando grandes obstáculos especialmente no âmbito da saúde no que se referente à acessibilidade, à integralidade, à equidade, principalmente pela barreira comunicativa e a difícil inclusão destes numa sociedade que é majoritariamente ouvinte. A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiênciapreconiza a inclusão das pessoas com deficiência em toda a rede de serviços do SUS, além de reconhecer a necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção à saúde deste segmento populacional no Brasil. Sendo a atenção primária a principal porta de entrada do SUS, por meio da ESF, é imprescindível compreender a assistência de enfermagem aos pacientes surdos para que se possa buscar a minimização das dificuldades encontradas, ampliando o cuidado e fazendo-se cumprir os princípios de universalidade, equidade e integralidade preconizados pelo sistema de saúde. Objetivo: Compreender a assistência de enfermagem ao paciente surdo na Estratégia Saúde da Família e especificamente, identificar as principais dificuldades no atendimento ao paciente surdo pelos enfermeiros da ESF e como elas interferem no processo de cuidar em enfermagem e; conhecer as estratégias de enfrentamento às dificuldades identificadas. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo no qual os sujeitos participantes foram 4 enfermeiros atuantes na Estratégia de Saúde da Família da cidade de Arapiraca. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semi-estruturadas com apoio de um formulário e realizadas pelo Google Meet, após agendamento prévio. Foram incluídos enfermeiros(as) que possuíam pacientes surdos no território de abrangência da ESF correspondente e que já haviam realizado atendimento a este público. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo CEP-UNIT conforme parecer nº 4.243.562. Resultados e Discussão: A fala dos entrevistados evidenciou que a assistência de enfermagem à pessoa surda é prejudicada especialmente pela dificuldade na fase da coleta de dados, visto que paciente e profissional utilizam línguas diferentes, quais sejam: a Libras e o Português respectivamente. O cuidado é facilitado quando há a presença de um interlocutor, que na maioria das vezes é um familiar ou pessoa com a qual o paciente possui um vínculo estreito. As estratégias utilizadas pelos profissionais quando não há um interlocutor são o uso da escrita em Português, a leitura labial, a fala pausada e a comunicação não verbal. Conclusão: O processo de cuidar em enfermagem é prejudicado pela ausência de uma língua comum entre profissional e paciente, uma vez que os enfermeiros não possuem qualquer formação em Libras. As dificuldades, embora evidenciadas por um número muito pequeno de entrevistados, estão intimamente relacionadas à comunicação. Entre as estratégias utilizadas ainda não há o despertar para o aprendizado da Libras pelos enfermeiros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAÚJO, C.C.J., COURA, A.S., FRANÇA, I.S.X., ARAÚJO, A.K.F., MEDEIROS, K.K.A.S. Consulta de Enfermagem às pessoas surdas: uma análise contextual. ABCS Health Sci. 2015; 40(1):38-44. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-746716

BRASIL. Decreto no 5.626 de 22 de Dezembro de 2005. p. 1–8, 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>.

BRASIL. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html

BRASIL. Cobertura da Atenção Básica – E-gestor AB. 2020. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaAB.xhtml

BRITTO, Fernanda da Rocha; SAMPERIZ, Maria Mercedes Fernandez. Dificuldades de comunicação e estratégias utilizadas pelos enfermeiros e sua equipe na assistência ao deficiente auditivo. Einstein (São Paulo), São Paulo , v. 8, n. 1, p. 80-85, mar. 2010 . Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0080.pdf

MACHADO, W.C.A., MACHADO, D.A., FIGUEIREDO, N.M.A., TONINI, T., MIRANDA, R.S., OLIVEIRA, G.M.B. Língua de sinais: como a equipe de enfermagem interage para cuidar de clientes surdos? J. res.: fundam. care. online 2013. jul./set. 5(3):283-292. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2065/pdf_870

REIS, Vânia de Santana Lima; SANTOS, Adriano Maia dos. Conhecimento e experiência de profissionais das Equipes de Saúde da Família no atendimento a pessoas surdas. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 21, n. 1, e5418, 2019 . Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462019000100501&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

SOUZA, Maria Fernanda Neves Silveira de et al . Principais dificuldades e obstáculos enfrentados pela comunidade surda no acesso à saúde: uma revisão integrativa de literatura. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 19, n. 3, p. 395-405, June 2017 . Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462017000300395

Downloads

Publicado

2021-11-12

Como Citar

Lisbôa, G. L. P., & Costa, K. R. R. (2021). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SURDO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (9). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/15304

Edição

Seção

Seminário de Iniciação Científica - PROVIC/UNIT - Ciências da Saúde e Biológicas