O CONTROLE DOS CORPOS FEMININOS: DA DISTOPIA À REALIDADE DAS MULHERES BRASILEIRAS
Palavras-chave:
Direito da mulher, Direitos humanos, O Conto da Aia, Pluralidade feminina, Reprodução Compulsória.Resumo
O referido projeto aborda acerca do controle do estado sobre corpos femininos, para isso utiliza-se como método explicativo uma comparação entre a distopia “O Conto da Aia” e a realidade das mulheres brasileiras em diferentes vivências, culturas e etnias, respeitando a pluralidade de cada indivíduo. A obra em questão relata a história de Offred, uma aia, que em seu mundo significa ser uma mulher com a função de procriar, afinal, na realidade em que se encontra, os excessos químicos tiveram o efeito de tornar inférteis a maioria das mulheres, e cada uma recebe uma atribuição, como ser a esposa, cuidar de tarefas domiciliares, entre outras, onde todas as ações giram em torno dos homens e de sua suposta superioridade, graças ao regime critão totalitário e extremista que comanda Gilead, nome dado a gestão do antigo Estados Unidos. O enfoque do exemplar tratado na pesquisa é criticar, dentre muitos assuntos, o fato personagens femininas serem obrigadas pelo governo a ter seus corpos invadidos e direitos humanos e civis retirados, praticando a despersonalização jurídica, que atualmente iria contra a Constituição Federal (CF/88). Além disso, por ser uma distopia teocrática seguidora do antigo testamento, há a imposição literal das palavras bíblicas, como é possível observar nos trechos em que são explícitos os estupros a fim de engravidar a mulher considerada mais fértil e caso não fosse considerada suficientemente adequada aos olhos do Governo eram descartadas. Dessa forma, coloca-se em debate a pressão social exercida em cima da imagem feminina, fazendo com que a reprodução deixe de ser uma escolha e passe a se tornar impositiva, de métodos indiretos na realidade. Com esse contexto, observa-se que as mulheres, dentro da distopia, são as mais afetadas por representarem uma minoria social dentro de uma sociedade elitista, religiosa e misógina, haja vista que diminuem a população feminina no quesito de direitos e que a distopia apresenta um acontecimento teoricamente impossível nos tempos atuais, porém a discussão do projeto em questão visa comparar as duas percepções governamentais, tanto a do livro distópico quanto a realidade brasileira nos últimos anos. É evidente o crescimento da extrema-direita no Brasil com o passar dos anos, e, como consequência, o aumento de fanáticos religiosos e preconceituosos, portanto, a comparação da realidade com a obra se torna inevitável. Com o passar das décadas, mulheres foram conquistando seu espaço nos mais diversos cenários mundiais, em um país que por muitos anos viveu sob regime ditatorial e teve mulheres, entre outras minorias, controladas pelo poder governamental, a luta feminista é constante, sempre buscando maior igualdade. Apesar de na teoria os direitos femininos serem garantidos por lei, há questões nas quais não são vistos em prática ou são observados de maneira tardia, mostrando que, mesmo com uma legislação mais rigorosa, ainda existem brechas jurídicas e sociais. Portanto, embora seja uma distopia literária, existe, ainda que executado de outra forma, a infeliz possibilidade de acontecer no atual cenário político brasileiro.Downloads
Referências
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