SAÚDE COMO DIREITO HUMANO DA POPULAÇÃO LGBTQIA+

Autores

  • Mariana Serpa Menezes UNIT Alagoas
  • Júlia Guimarães Lima UNIT Alagoas
  • Silmara Mendes Costa Santos

Palavras-chave:

Atendimento, LGBTQIA , Saúde, SUS

Resumo

Introdução: As conquistas alcançadas pelo grupo LGBTQIA + à custa de muita luta, perpassa por diversas esferas. No contexto da saúde brasileira, um marco dessas conquistas foi o desenvolvimento da política nacional LGBT, em 2008, que visa fortalecer os princípios de equidade, igualdade e integralidade do SUS na atenção às minorias. Contudo, apesar do empenho constante contra o preconceito e também dos avanços já alcançados, ainda é possível identificar discrepâncias entre os usuários que seguem o padrão de heteronormatividade e os usuários que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Objetivo: Conhecer o atendimento à saúde das pessoas do grupo LGBTQIA+ pelos profissionais da saúde, tanto pela perspectiva do paciente quanto do profissional. Métodos: Recorte de estudo qualitativo mais amplo, com objetivo exploratório de caráter analítico. Foram parte deste estudo profissionais da saúde e pacientes do grupo LGBTQIA+ do Brasil, que apresentem idade igual ou superior a 18 anos. O instrumento utilizado para avaliação foram fichas de coleta de dados elaboradas especificamente para os grupos alvo da pesquisa. Resultados: O perfil dos profissionais que participaram foi marcado por mulheres, médicos e heterossexuais com idade entre 30 e 40 anos, voltados majoritariamente para o setor público. A avaliação do atendimento do local de trabalho numa escala de 0 a 10 foi de 6,08, enquanto o atendimento pessoal teve média de 7,98. Dos 52 profissionais, apenas 26% questionaram os pacientes sobre sua orientação sexual e gênero e 48% questionaram se os pacientes eram transgêneros ou travestis. Dificuldades foram relatadas em menos de 50% dos casos e pontuaram principalmente comunicação e desconhecimento dos locais de referência para encaminhamento. Cerca de 90% dos entrevistados negam alguma capacitação especializada anterior. Os formulários voltados para a população LGBTQIA+ foram respondidos por 52 pacientes de todo o país, com média de idade de 24,3 anos. Dos problemas abordados, os mais comuns foram: a heteronormatividade e a cisnormatividade (90,4%) e a falta de orientação sobre a prática sexual segura (78,8%). No que tange os pacientes travestis e transgêneros, apenas 40% informaram ter o nome social respeitado durante consultas. A respeito das dificuldades dos pacientes, foram relatadas a proibição da doação de sangue por esses usuários, a presunção da heteronormatividade, julgamentos, falta de orientação sobre sexo seguro que não seja vulvar-peniano. Sobre os pontos a serem melhorados, foram apontados o acolhimento, a integralidade do atendimento e a maior capacitação dos profissionais sobre as necessidades do público LGBTQIA+. Conclusão: A precariedade da saúde brasileira voltada ao atendimento do público LGBTQIA + é percebida pelos usuários e também pelos profissionais de saúde. Parte dela advém, também, da falta de capacitação desses profissionais, o que reflete na qualidade das consultas. Esse fato é corroborado pelas respostas dos pacientes, que avaliaram o atendimento como mediano, em ambos os setores. Logo, é possível perceber que ainda há muito a ser melhorado na atenção voltada ao público LGBTQIA+, principalmente no que diz respeito à heterossexualidade compulsória, que limita a consulta e prejudica no estabelecimento do vínculo do profissional de saúde com o paciente

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Referências

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Publicado

2021-11-12

Como Citar

Menezes, M. S., Lima, J. G., & Santos, S. M. C. (2021). SAÚDE COMO DIREITO HUMANO DA POPULAÇÃO LGBTQIA+. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (9). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/15268

Edição

Seção

Seminário de Iniciação Científica - PROVIC/UNIT - Ciências da Saúde e Biológicas