A Estética Afro-diaspórica: a análise da auto representação dos negros nas artes visuais contemporâneas no Brasil

Resumo

Introdução: O presente trabalho intitulado como “A Estética Afro-diaspórica: a análise da auto representação dos negros nas artes visuais contemporâneas no Brasil” traz resultados obtidos na iniciação científica das autoras, que teve como objetivo(s): analisar as manifestações de auto representação da estética afro-diaspórica na arte negra a partir de artistas visuais negros contemporâneos brasileiros, contrapondo a visão estereotipada que o negro vem sendo historicamente representado. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa exploratória descritiva que analisou as representações e os estereótipos da negritude no Brasil, através de uma revisão bibliográfica narrativa, o mapeamento dos artistas visuais, identificação das representações sociais e definição das categorias nas quais se enquadram as obras: (1) Cura, sagrado e ancestralidade, (2) influência católica e cultura popular, (3) juventude negra, (4) corporeidade, (5) cotidiano e (6) escravização e colonialidade; e as subcategorias: (1) as religiões de matrizes africanas, as ervas, benzimento, processos de cuidado espiritual, proteção ancestral e oferendas, (2) o sincretismo, racismo religioso, mitos e lendas e cultura popular, (3) modos de vida, a violência policial, o genocídio e a resistência contra violência, (4) a objetificação de corpos negros, sexualização desses corpos, empoderamento feminino, matriarcado e a representação da mulher negra, (5) manifestações de afeto, brincadeiras infantis, festas, trabalho, família e momentos de lazer e (6) memórias, o pensamento decolonial, a ruptura com pensamento colonial, processos de ressignificação, trabalho forçado, o racismo científico e o apagamento do povo preto.  Sendo feita uma análise de conteúdo das imagens, apresentada nos resultados da pesquisa. Resultados: Pôde-se perceber que os artistas visuais contemporâneos vêm resgatando conhecimentos ancestrais para combater estereótipos racistas, através da valorização de uma herança africana. Atuando também na tentativa de mudança da visão que os colocam como seres inferiores, trazendo outras narrativas, que contrapõem a visão eurocêntrica do mundo. Isso se dá principalmente em uma dura contestação das doutrinas da Igreja Católica, a denúncia do racismo e a exaltação das práticas religiosas e culturais afro-brasileiras. Os artistas visuais contemporâneos utilizam o corpo como instrumento da arte para denunciar o racismo, e também como ferramenta de resistência. Com uma arte que é provocativa, feita para chocar, reivindicam contar a sua história em primeira pessoa, não sendo mais meros objetos da arte. São trazidas à tona também estratégias utilizadas como meio de  resistência aos diversos tipos de violência que cercam a juventude negra, demonstrando que aquilo que se estabelece como limitante pode conduzir à motivação para reivindicações de lugares e de representações. Conclusão(ões): “Imagens curam imagens”, essa é uma fala recorrente da artista visual Rosana Paulino em suas entrevistas e apresentações. No contexto desta pesquisa, a frase foi comprovada, pois os artistas negros e obras aqui analisados veementemente confrontam os estereótipos racistas e discriminatórios que continuam sendo atualizados em diversos canais midiáticos, seja da tv aberta ou das redes sociais. A luta contra as violências do racismo estrutural passa pela recolocação da imagem do negro dentro de uma perspectiva positivada, para que esta e próximas gerações possam crescer sentindo orgulho de suas origens e antepassados.