OS EFEITOS DAS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO ACERCA DO COVID-19 E DA IMUNIZAÇÃO VACINAL
Palavras-chave:
COVID-19, Teorias da Conspiração, VacinaçãoResumo
Introdução: As crises sociais, como pandemias, terrorismo, acidentes naturais e/ou guerras, fazem as pessoas experimentarem sentimentos diversos: medo, incerteza, insegurança. Sendo assim, são berço fértil para o nascimento das teorias da conspiração, uma vez que surgem sempre associadas a eventos negativos e/ou inesperados e buscam vinculá-los a um fator causal oculto ilegal ou malévolo. A pandemia do novo coronavírus trouxe consigo incertezas de uma doença desconhecida, altamente transmissível e potencialmente debilitante ou fatal, fornecendo substrato para novas teorias conspiratórias acerca da sua origem, prevenção e tratamento. A disseminação dessas especulações acabaram por impactar negativamente os esforços feitos para conter a propagação da doença e a adoção de comportamentos e medidas preventivas em larga escala. Objetivo(s): O presente estudo foi desenhado a fim de analisar o impacto das teorias da conspiração na percepção sobre o uso de imunizantes em geral, a vacina para o novo coronavírus e as instituições envolvidas no enfrentamento da pandemia. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, comparativo e transversal realizado através de questionário online na plataforma Google Formulários, distribuído pela internet em livre e espontânea demanda para todos os brasileiros com idade igual ou superior a 18 anos de idade residentes em território nacional. No desenho desta pesquisa, o cálculo amostral teve como resultado final (n) de 385 participantes. Os dados foram armazenados em planilha no Excel e analisados no programa SPSS. Resultados: Dentre os indivíduos que responderam à pesquisa, 41,8% eram do gênero masculino e 58,2% do feminino e a etnia autodeclarada com maior porcentagem foi a branca (62,3%) e parda (26,5%). Já em relação à faixa etária, 48% tinham entre 18 e 24 anos, 48% entre 25 e 54 anos. Ao serem indagados acerca das regiões de residência, tiveram mais respostas Sudeste (40,2%) e Nordeste (37,6%). Analisando as afirmativas feitas de forma cruzada, os indivíduos que indicaram discordar totalmente em tomar a vacina para a COVID-19, 84% selecionou ao menos uma das declarações conspiratórias sobre a pandemia, 28% indicaria vacinas em geral a amigos e familiares por acreditar na sua eficácia, 20% não indicaria vacinas em geral, sem especificar o motivo e 52% indicariam apenas algumas vacinas específicas do calendário vacinal, 44% afirmaram que buscam ativamente manter seu calendário vacinal atualizado e 20% informaram que não, pois consideram que as vacinas no geral são prejudiciais. Conclusão(ões): Considerando os dados encontrados e as limitações desse estudo, podemos levantar a hipótese de que indivíduos que recusam a vacina contra o coronavírus tendem a já possuir essa crença em relação aos imunizantes em geral e a acreditar em teorias conspiratórias, ou seja, trata-se de um processo de crença e mudança de atitudes progressivo. Diante disso, é fundamental considerar a implementação de uma estratégia de educação científica permanente e universal, através da qual o indivíduo possa aprender a lidar com a informação no momento em que ela surge e estar “imune” às teorias conspiratórias, mesmo em situações de crise social, como a atual pandemia pelo novo coronavírus.
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Referências
BAVEL, J. J. V. et al. Using social and behavioural science to support COVID-19 pandemic response. Nature Human Behaviour. Nature Research, , 1 maio 2020.
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PROOIJEN, J. W. VAN; DOUGLAS, K. M. Conspiracy theories as part of history: The role of societal crisis situations. Memory Studies, v. 10, n. 3, p. 323–333, 1 jul. 2017.
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