A MEMÓRIA AFETIVA NA PSICOLOGIA DO DESASTRE
Palavras-chave:
Psicologia Ambiental-comunitária, Saúde mental, Memória social e coletiva.Resumo
Introdução: A memória é um processo psicológico básico intimamente ligado às recordações presentes nos locais em que habitamos e nas experiências pessoais vivenciadas nesses ambientes. Compreende-se sua atuação como ponte entre passado e presente, contribuindo no processo de construção da história e identidade individual na busca de conhecer a si próprio e sua perspectiva de futuro.
Objetivo(s): Descrever a Psicologia Ambiental-comunitária e a sua relevância quanto aos impactos na saúde mental dos indivíduos afetados por desastres ambientais, destacando-se a memória afetiva.
Material e Métodos ou Metodologia: Foi empregado o método qualitativo de natureza bibliográfica, através de uma leitura sistemática acerca do cenário do objeto de estudo. Foram selecionados para estudo artigos nas bases de dados Pubmed e BVS, preconizando os descritores “DESASTRE SÓCIO-NATURAL”, “MEMÓRIA SOCIAL E COLETIVA” e “PSICOLOGIA AMBIENTAL-COMUNITÁRIA”, nos idiomas português, inglês e espanhol, no período de 2010 a 2021.
Resultados: Os estudiosos da Psicologia Ambiental-comunitária buscam, diante de situações de desastres socioambientais, analisar tanto os aspectos subjetivos como memória e despertar afetivo, quanto as reações comunitárias das localidades afetadas. Tal inseparabilidade entre ambiente e sociedade permite maior visibilidade acerca dos efeitos psicológicos naqueles que habitam esses territórios acometidos e que, por questões de segurança, são expulsos não só de sua habitação, mas também de boa parte da sua construção histórica. Tomando como exemplo o Chile, país sujeito a diversidade de desastres sócio-naturais que ocorrem de maneira contínua, produzindo profundas transformações urbanas. Referente aos meios de intervenções governamentais tomados, nota-se ações direcionadas apenas em aspectos materiais, com níveis de apego socioespacial, sentido de comunidade e participação cívica nos novos destinos baixos. Exemplificado pelo cenário de erupção do vulcão Chaitén, no qual as famílias tiveram que encontrar uma solução no mercado imobiliário regular com o subsídio de subsistência individual fornecido pelas entidades competentes durante 18 meses. Em paralelo tem-se a situação atual do bairro do Pinheiro em Maceió, onde o processo de realojamento dos aproximadamente 57 mil moradores afetados e a ausência de uma abordagem psicoambiental comunitária, partindo do reconhecimento dos significados e das práticas individuais e coletivas, é desfavorável à saúde mental dos sujeitos acometidos. Tais situações traumáticas tendem a despertar respostas psicológicas que afetam o comportamento e capacidade funcional individual, podendo evoluir para Transtornos de Estresse Pós-Traumático, depressão ou outros transtornos mentais.
Conclusão(ões): A expulsão/realocação consequente aos desastres socioambientais influência sobre memória coletiva, relações sociais e ações de autonomia dos afetados, além de retirar deles a noção de pertencimento social, imprescindível em todas as fases do desenvolvimento humano. Assim, esses cenários impactam não somente em níveis psicológicos, como também nos direitos transindividuais.
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Referências
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