FILHOS DE MARIA: VÍTIMAS INVISÍVEIS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E INTRAFAMILIAR CONTRA A MULHER
Palavras-chave:
Filhos, Mulheres, Rede de ProteçãoResumo
RESUMO:O presente estudo debruça-se sobre a problemática da violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher com foco nas consequências desta na vida das suas vítimas invisíveis, os filhos das mulheres violentadas. A fim de compreender os efeitos desta violência, é necessário refletir acerca da Transmissão Intergeracional da Violência Doméstica (TIVD) e da vulnerabilidade física e emocional dos infantoadolescentes inseridos em relações familiares em que há casos de agressões físicas ou verbais perpetradas pelos companheiros de suas mães. A família como local de formação do indivíduo, muitas vezes, tem sido espaço de dor e sofrimento para os que vivenciam de forma silenciosa essa problemática, que pode gerar distúrbios psicossociais com potencial de ferir de forma permanente o desenvolvimento de crianças e adolescentes. O estudo tem como objetivo analisar a existência e o funcionamento de uma rede de amparo e proteção para crianças e adolescentes expostos à violência doméstica intrafamiliar, como também os meios disponíveis para o atendimento dessas vítimas. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com uso da estatística descritiva e de dados secundários acessados por meio dos bancos de dados das instituições que prestam assistência às vítimas de violência doméstica em Maceió (AL). Ademais, soma-se o depoimento oral de um indivíduo com o fim de conhecer a experiência de uma vítima invisível que foi exposta a eventos violentos entre seus pais, utilizando-se do método da história oral. O referencial teórico da pesquisa foi estruturado de forma a demonstrar a necessidade de proteção das mulheres que são vítimas diretas e de ampliar a proteção e atenção que essa mulher (e mãe) recebe das leis e políticas públicas aos seus filhos. No que se refere à luta das mulheres por uma vida mais igualitária, foram abordadas as teorias e ensinamentos de Saffioti (2001); Scott (1995); Beauvoir (1967,1970) e Butler (2018), relevantes pesquisadoras que entendem a luta como estratégia para a consolidação da justiça e da igualdade, assim como compreender a raiz da violência para, enfim, erradicá-la.Quanto aos direitos e às necessidades das crianças e a trajetória percorrida para sair da invisibilidade e do universo que as colocavam como sujeitos despossuídos de direitos à condição de cidadãos, foram estudadas Pereira (2000); Rizzini e Pilotti (2009); e Veronese (2013, 2017). Os resultados, até aqui encontrados, demonstram que a vulnerabilidade de crianças expostas a episódios violentos, em suas famílias, é capaz de torná-las perpetuadoras dessa violência por intermédio da repetição dos comportamentos apreendidos. Além disso, em função dos estudos (em andamento) realizados na rede (em andamento), percebe-se que não há interlocução entre os Órgãos do Sistema de Proteção à Mulher e os Órgãos de Proteção à Criança e Adolescentes em Maceió (AL).
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Referências
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