ANEMIA NO PACIENTE EM TERAPIA INTENSIVA: A CONDUÇÃO TERAPÊUTICA ADEQUADA TEM IMPACTO NO PROGNÓSTICO? (UMA REVISÃO DE LITERATURA)
Palavras-chave:
anemia, blood transfusion, intensive careResumo
Introdução: Globalmente, cerca de 1,6 bilhão de pessoas são afetadas com algum nível de anemia e a gravidade do problema está associada a diversos fatores e varia entre populações distintas. Em pacientes hospitalizados a anemia tem impacto ainda mais relevante, sendo um fator independente associado com maior taxa de mortalidade e/ou readmissão hospitalar. Apesar dos avanços em investigação e tratamento, a anemia continua a ser uma das condições mais subdiagnosticadas e menos apreciadas e tratadas, no mundo. Metodologia: O presente trabalho trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura que buscou identificar se a condução terapêutica adequada nos pacientes de terapia intensiva tem impacto no prognóstico destes pacientes através da análise de periódicos, em língua inglesa, portuguesa e espanhola, dos anos de 2020 a 2016, disponíveis nas bases de dados MEDLINE, LILACS e Scielo utilizando o cruzamento dos seguintes descritores “ANEMIA”, “TERAPIA INTENSIVA” e “INTENSIVE CARE UNIT” através do operador AND. Resultados: O tratamento mais utilizado para correção da anemia na UTI é a transfusão sanguínea, a maioria dos estudos documentam que aproximadamente 30% a 50% dos pacientes recebem transfusão na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com uma média de cinco concentrado de hemácias, infundidas durante o seu tempo de permanência independentemente dos riscos de infecção e reações imunológicas. A estratégia de transfusão restritiva, hemoglobina menor que sete, é segura no ambiente da UTI, todavia é importante ressaltar que as decisões de transfusão devem ser feitas com a avaliação de todo o quadro do paciente. Sabe-se que cada unidade não transfundida, no paciente com indicação de transfusão, tem sido correlacionada com um maior tempo de internação e maior risco de mortalidade. O uso dos Agentes Estimulantes da Ertripoiese (ESAs) é off label e normalmente é prescito para pacientes com anemia relacionada doença renal crônica e para Testemunhas de Jeová que recusam a transfusão de sangue alogênico, todavia atualmente ainda não existem evidências substanciais do impacto desses agentes nos pacientes da Terapia Intensiva. O uso de ferro endovenoso não tem impacto no prognóstico do paciente crítico visto que não há evidência na redução das necessidade transfusão, mortalidade ou risco de infecção nesses pacientes. Se comprovada a existência de deficiência de folato ou vitamina B12, essas vitaminas devem ser repostas, apesar da anemia megalobástica ser incomum no ambiente de Terapia Intensiva. Conclusão: A transfusão continua sendo estabelecida como terapêutica eficaz nos criticamente enfermos, todavia, a anemia continua a ser ignorada dentro das UTIs. Apesar dos estudos salientarem apenas um benefício real da transfusão nesses pacientes, ainda são necessários estudos que avaliem possíveis confutas em níveis de hemoglobina que ainda não causem hipóxia tecidual e não indiquem transfusão, resultando em uma possível prevenção de agravamento do quadro anêmico, e para isso se faz necessário a identificação precoce da causa da anemia, sua classificação e decisão terapêutica.
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