VIOLÊNCIA SEXUAL: RAÇA/COR E ESCOLARIDADE DE MULHERES ADMITIDAS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO ESTADO DE ALAGOAS
Resumo
RESUMO: INTRODUÇÃO: O desequilíbrio de poder nas relações entre homens e mulheres, atribuído à subordinação de gênero, é um dos principais fatores relacionados à violência sexual (RAMOS; MEDICCI; PUCCIA, 2009). Ancorado no modelo patriarcal, o homem, em determinadas circunstâncias, intenta um domínio sobre o corpo feminino, inclusive, de seu cônjuge. A violência sexual exerce forte impacto na saúde física, psicológica e social da mulher, comprometendo sua autoestima, o que pode levá-la ao isolamento e fazer emergir disposições negativas, como: raiva, culpa, tristeza e depressão. Além dos efeitos psicossociais, há também os efeitos físicos: gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis (NUNES; LIMA; MORAIS, 2017). OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo caracterizar as mulheres vítimas de violência sexual admitidas em um hospital de referência do Estado de Alagoas, considerando raça/cor e nível de escolaridade. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, retrospectiva, de caráter epidemiológico e abordagem quantitativa. Foram coligidos dados de prontuários de mulheres vítimas de violência sexual (VVS). Critério de inclusão: registros de admissões realizadas entre os anos de 2016 e 2018, em razão de violência sexual. Critério de exclusão: registros não disponibilizados pelo serviço de arquivamento médico do hospital no período destinado a coleta de dados para a pesquisa. Total de prontuários: 384. Os dados coletados dos prontuários foram digitados e processados, utilizando-se o software Microsoft® Excel, possibilitando a análise estatística descritiva básica. Esta pesquisa seguiu as diretrizes estabelecidas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. RESULTADOS: A análise da variável raça/cor e do nível de escolaridade das mulheres permitem a identificação de um possível perfil de vulnerabilidade social. Observa-se um quantitativo maior de atendimentos realizados a mulheres de raça/cor "parda": 86,27% dos casos registrados em 2016; 88,16% em 2017; e 85,08% em 2018. Foram identificados, ainda, 9,8% prontuários de mulheres que se autodeclararam 'brancas" no ano de 2016; 7,24% em 2017; e 7,73% em 2018. Em 10 dos prontuários, as mulheres se autodeclararam "negras" e "pretas", o que representou: 1,96% dos casos em 2016; 2,62% em 2017; e 2,76% em 2018. No que se refere à escolaridade das mulheres, houve predomínio de vítimas com ensino fundamental incompleto, representando 58,82% dos casos em 2016; 51,97% em 2017; e 55,25% em 2018. Seguido das mulheres com ensino superior incompleto e completo com, respectivamente, 11,97% e 11,19% do total de admissões analisadas entre 2016 e 2018. CONCLUSÃO: O perfil de vulnerabilidade social identificado neste estudo indica maior ocorrência de registros de violência sexual em mulheres de raça/cor "parda" e baixo nível de escolaridade, o que suscita a importância de políticas sociais que possam contribuir com o fortalecimento das mulheres do segmento negro da população, promovendo autonomia e condições materiais de existência.
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