PERSPECTIVA FEMININA NOS EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS

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Palavras-chave:

emancipação feminina, mapeamento senaes, movimento de Economia solidária

Resumo

A Economia Solidária (ES) é um movimento social de geração de renda, cujo principal propósito é o desenvolvimento humano, não apenas econômico, mas também, à busca pelo bem estar social e desenvolvimento local. (FRANÇA FILHO, 2017; GAIGER, 2015; SINGER, 2008; LAVILLE, 2012). segundo a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) (2013), existem mais de dezenove mil EES no país, sendo 55% rurais, 35% urbanos e 10% rurais e urbanos, propondo uma diversidade de assuntos a serem pesquisados. Desta forma, através de metodologia qualitativa, analisou-se os dados do segundo Mapeamento Nacional EES de 2013, com o objetivo de entender a perspectiva da Economia Solidária em relação a emancipação das mulheres, cujo universo é formado em sua maioria por mulheres (SOARES, 2019; GUÉRIN, 2005), o desenvolvimento da independência da mulher, saindo dos trabalhos domésticos e se inserindo em organizações solidárias sugere um dinamismo econômico-social, levando a reflexão favorável para a emancipação. Segundo o SENAES (2013), os empreendimentos, estão trabalhando para cumprir seu objetivo que é gerar renda ou obtenção de maiores ganhos para os (as) sócios (as), ao mesmo tempo em que, se preocupa com o bem-estar de todos e da comunidade local. A autogestão e o exercício da democracia que são pontos importante do movimento, tem percentual de 49%, nas regiões Norte e Sudeste, 53% e 59% respectivamente, as demais regiões ficaram abaixo do percentual nacional, sendo a região Nordeste o percentual mais baixo (44,9%). Segundo Ávila (2014) a divisão sexual do trabalho que se perpetuou historicamente na sociedade, levou a percepções subjetivas sobre o trabalho produtivo e o trabalho reprodutivo, desta forma, o trabalho remunerado é uma necessidade social das mulheres para a própria sobrevivência e dos dependentes, pois ainda é fato que a mulher é majoritariamente a fonte de renda principal em diversas famílias. Neste sentido, verifica-se que 59% de EES estão auferindo renda, na região sul esse percentual é de 74%, região onde tem o maior percentual de mulheres ocupando cargo de Coordenação e Diretoria. Nobre (2011), mostra a interatividade da mulher nas atividades de trabalho produtivo, o que afirma que a ES tem a capacidade de quebrar a barreira da desigualdade de gênero. A participação das mulheres na ES é de 43,6%, tem percentuais muito parecido nas regiões Centro-oeste (46,3%), Nordeste (47,6), Norte (45,9%) e Sudeste (49,3%), apenas a região Sul esse percentual cai para 34,1%. O desenvolvimento local, outro dado importante, leva em conta duas das principais conquistas dos EES, uma delas, as conquistas para a comunidade local (moradia, escola, infraestrutura, etc.), de 37,6%, cabe esclarecer que o melhor percentual foi visto no Nordeste com 48,8%, região com o segundo maior número de mulheres na EES (47,3%) e a terceira região em mulheres que ocupam cargo de Coordenação e Diretoria. Outra conquista, o comprometimento das (os) sócias (os) foi de 37,4% e, a região Norte que teve um percentual de 43,2%, maior que a média nacional. Esses dados levam a pensar que considerando o cenário brasileiro, o movimento da ES é uma perspectiva positiva para as mulheres colocando as mesmas em posições de ‘’poder’’, cargos administrativos de tomadas de decisões e de independência, em um percentual 6%, enquanto os homens esse percentual é de 4%. Conclui-se, desta forma, que as regiões em sua maioria, tem um alto percentual de EES que gera renda ou obtenção de maiores ganhos para os (as) sócios (as), e que os dados da ES tem proporcionado as mulheres uma perspectiva positiva na luta da a divisão sexual do trabalho.

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Biografia do Autor

Sandra de Lourdes Gonçalves, UNIT-AL

Programa d Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologia e Políticas Públicas - SOTEPP

Referências

ÁVILA, Maria Betânia de M. e FERREIRA, Verônica Trabalho produtivo e reprodutivo no cotidiano das mulheres brasileiras. Trabalho Remunerado e Trabalho Doméstico no Cotidiano das Mulheres, Organização: Maria Betânia Ávila e Verônica Ferreira. P. 13-49, Recife: SOS Corpo, 2014.

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SOARES, Maria de Nazaré Moraes. Práticas feministas de autogestão em empreendimentos formados por mulheres na Rede Economia Solidária e Feminista. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Fortaleza, 2019.

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Publicado

2020-11-25

Como Citar

Gonçalves, S. de L. (2020). PERSPECTIVA FEMININA NOS EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (8). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/13856

Edição

Seção

Seminário de Iniciação Científica - PROVIC/UNIT - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas