MEDICINA E LIBRAS: OS DESAFIOS DE UMA FORMAÇÃO HUMANIZADA.

Resumo

Introdução: A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma língua própria destinada à comunicação da população surda, de forma a permitir uma melhor interação com a sociedade, ao passo que promove a inclusão social, concretizando o princípio da dignidade da pessoa humana. Objetivos: O presente trabalho está pautado na investigação da influência da LIBRAS na formação dos estudantes de medicina e sua repercussão no atendimento humanizado e integral do indivíduo surdo em todo o processo educacional e nas práticas em saúde. Metodologia: O processo metodológico está estruturado em pesquisa documental realizada nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) de Medicina do Estado de Alagoas e pesquisa empírica de caráter quantitativo por meio da aplicação de formulários aos estudantes do 2° e 10° períodos do curso de medicina do Centro Universitário Tiradentes (UNIT-AL). Resultados: A análise dos PPCs mostrou que a maioria destes projetos pedagógicos se baseiam nas diretrizes curriculares nacionais (DCNs) de 2014 e identificou que a matéria não é obrigatória em todas as universidades, classificando-a em disciplina eletiva, optativa ou não ofertada. Além disso, possibilitou a análise de sua construção e do perfil do egresso esperado. Ademais, a pesquisa empírica realizada contemplou um total de 84 estudantes, dos quais predominou o sexo feminino, menores de 25 anos, em sua maioria alunos do 2° período de Medicina. Conclusão: Os resultados obtidos evidenciaram que, apesar da grande maioria nunca ter tido contato com um indivíduo surdo e, principalmente, nunca ter tido a experiência acadêmica de acompanhar um paciente com surdez, os estudantes, em sua maioria, relataram que a LIBRAS é essencial para a vida profissional, desperta um olhar crítico em relação à equidade e inclusão social, proporciona uma maior acessibilidade em assistência à saúde do paciente surdo, além da garantia da humanização durante o atendimento. Ao serem questionados sobre as consequências relacionadas ao não domínio da LIBRAS, a maioria dos alunos consideraram que uma comunicação inadequada/insuficiente pode proporcionar maior probabilidade de erro médico. Dessa forma, entende-se que apesar da sua vasta importância biopsicossocial para a sociedade em geral, em especial para a formação médica, a LIBRAS permanece frágil no tocante às barreiras de implementação, difusão e incentivo no âmbito acadêmico, já que não é matéria obrigatória nos cursos de medicina das Universidades do Estado de Alagoas, o que corrobora para a deficiência no processo de humanização da relação médico-paciente surdo, bem como para o desfecho ineficaz da qualidade do atendimento, diagnóstico e tratamento.

Palavras-chave: Formação médica, Humanização, Libras.