PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO SUICIDA EM ALAGOAS: 2008-2018
Palavras-chave:
Alagoas, Epidemiologia, SuicídioResumo
INTRODUÇÃO: Émile Durkheim define o suicídio como todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado. OBJETIVO: Dessa forma, o presente estudo objetivou apresentar o perfil epidemiológico dos suicídios que ocorreram no Estado de Alagoas de 2008 a 2018. METODOLOGIA: A presente pesquisa é de caráter epidemiológico, descritivo e transversal. Nesse sentido, utilizaram-se ferramentas do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) para análise da faixa etária, estado civil, raça, sexo, escolaridade e causa mortis das vítimas. RESULTADOS: Destarte, identificou-se que 1245 pessoas suicidaram-se em Alagoas no período de 10 anos, sendo 951 homens (76%) e 294 mulheres (24%). A principal causa mortis foi a lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e sufocação (CID X-70), ocorrendo em aproximadamente 67% dos casos (836 pessoas), seguida de auto intoxicação por drogas e medicamentos (CID X-64) 140 pessoas, e pesticidas (CID X-68) 92 pessoas. As lesões auto provocadas por arma de fogo CID (X-72 a X-74) somaram 45 vítimas, enquanto que as lesões autoprovocadas intencionalmente por precipitação de um lugar elevado (CID X-80) totalizaram 38 vítimas. A maioria dos que tiraram suas vidas eram solteiros (57%), pardos (88%), tinham entre 15 e 39 anos de idade (55%) e não tiveram o nível de escolaridade informado (75%). CONCLUSÃO: Assim, dado que 53 pessoas que cometeram suicídio (4,25%) foram declaradas como brancas e 14 (1,12%) como pretas, é necessário que se investigue a acurácia dos critérios de classificação racial aplicados pelos médicos legistas, pela desproporção em relação à demografia do Estado (31% brancos, 6,6% pretos, 60% pardos). Demais fatores que ajudariam a estabelecer inferências sociodemográficas ao suicídio em Alagoas foram ignoradas, como a escolaridade (na maioria dos casos) e a renda familiar (nunca informada), o que denota a necessidade de estabelecer-se um protocolo mais abrangente e rigoroso na notificação de mortes auto provocadas. Logo, o presente estudo demonstrou que há o comprometimento de importantes dados estatísticos que ajudariam a compreender o fenômeno do suicídio em Alagoas, como também foi possível identificar um grupo de risco para o suicídio no Estado: homens pardos, solteiros e jovens. Assim sendo, mais estudos são necessários para traçar com maior exatidão grupos de risco ao suicídio no estado, sendo indispensáveis aprimoramentos aos protocolos que visem informar a renda familiar, a religião, a raça e a escolaridade das vítimas, para que assim sejam implementadas ações de prevenção ao suicídio mais efetivas.Downloads
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS: Óbitos por causas externas – Alagoas. Grande Grupo CID10: X60-X84 Lesões autoprovocadas voluntariamente. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/ext10al.def. Acesso em: out. 2020
CENSO DEMOGRÁFICO 2010: características da população e dos domicílios: resultados do universo. In: IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro, 2011a. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/cd/cd2010universo.asp?o=5&i=P . Acesso em: out. 2020.
DURKHEIM, E. O Suicídio. Martins Fontes, ed. 1 p. 14, São Paulo, 2000.
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