Impacto da Microbiota Intestinal no Comportamento das Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Palavras-chave:
Autismo, eixo microbiota-intestino-cérebro, tratamento dietético.Resumo
Introdução: O Transtorno do espectro autista (TEA) é um conjunto de patologias que acometem o neurodesenvolvimento e cursam, de acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2014) com sintomas na área de comunicação social observados pela falta do olhar sustentado e resposta recíproca diminuída, associado a um interesse restritivo e padrões repetitivos, com prejuízos interpessoais. Normalmente, os pacientes com TEAapresentam distúrbios intestinais que por vezes modulam a expressão dos sintomas sociais e comportamentais (KARHU et al., 2019). Higidamente, o eixo microbiota-intestino-cérebro é utilizado para troca bidirecional de informações, sendo o intestino composto de trilhões de neurônios, bactérias comensais equilibradas, muco e células epiteliais. No entanto, pacientes com transtorno autista possuem um desequilíbrio intestinal denominado disbiose (SRINKANTHA E MOHAJERI, 2019). O aumento da permeabilidade intestinal permite que metabólitos bacterianos alcancem a circulação sistêmica desencadeando uma resposta inflamatória, que atinge áreas cerebrais e a micróglia. A ativação imune pode levar a sinapses defeituosas (KARHU et al., 2019). Outros estudos comprovaram a relação entre a disfunção no eixo intestino-cérebro e o aumento na frequência e gravidade de sintomas comportamentais como ansiedade, estresse e episódios de raiva. Por essa relação, muitos estudos, como Ristori et al. (2019) propuseram tratamentos dietéticos para o TEA com dietas sem glúten e caseína, dieta do mediterrâneo, uso de de prebióticos ou probióticos e transplante de microbiota fecal. Objetivo: Compreender a integração neuro-imuno-endócrina com os comportamentos das crianças com TEA. Evidenciar tratamentos que modulem esses sintomas. Metodologia: Utilizou-se a plataforma PUBMED, através dos descritores: “autism”, “food” e ‘microbiota-gut-brain axis”. Esses foram associados ao operador booleano AND, foram utilizados ainda os filtros: “free full text”, “In the last year” e “humans”, restando dez resultados, esses foram analisados em título e resumo, onde restaram apenas três compatíveis com o tema. Resultados: Anatomicamente as fibras nervosas aferentes vagais, através das células enteroendócrinas podem perceber a composição no lúmen intestinal e sensibilizam o tronco encefálico, sendo imprescindíveis para detecção das mudanças em indivíduos com TEA. Além disso, há uma sensibilização inflamatória da barreira hematoencefálica e mudanças cerebrais que influem diretamente no comportamento desses indivíduos. Quanto às mudanças alimentares ainda não se tem um consenso em relação ao tempo para eficácia, mas alguns estudos mostram a melhora comportamental e dos sintomas gastrointestinais dos pacientes. Conclusão: A relação neuro-imuno-endócrina na modulação comportamental de portadores de TEA é evidente, sendo possível utilizar mudanças dietéticas como tratamento adjuvante, melhorando sintomas intestinais e modulando comportamentos extra intestinais.
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Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: ARTMED, 2014, 5a. ed.
KARHU, Elisa et al. Nutritional interventions for autism spectrum disorder. Nutrition ReviewsVR. Oxford University Press, 2019, Vol. 0(0):1–17.
RISTORI, Maria Vittoria et al. Autism, Gastrointestinal Symptoms and Modulation of Gut Microbiota by Nutritional Interventions. Nutrients. 2019.
SRIKANTHA, Piranavie. MOHAJERI, M. Hassan. The Possible Role of the Microbiota-Gut-Brain-Axis in Autism Spectrum Disorder. International Journal of molecular sciences. 2019.
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