O NOVO MODELO CELULAR DA COAGULAÇÃO
Palavras-chave:
Coagulação sanguínea, Hemostasia, HemofiliaResumo
INTRODUÇÃO: O modelo clássico da cascata da coagulação proposto em 1964, sendo amplamente utilizada desde então. Porém, ela apresenta limitações, não conseguindo explicar todos os fenômenos da hemostasia in vivo. Com isso, um novo modelo, desta vez baseado nas superfícies celulares, foi desenvolvido em 2003 por Hoffman. OBJETIVO: Discutir e comparar os modelos propostos da coagulação e suas implicações. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão qualitativa sobre o modelo baseado nas superfícies celulares da coagulação em artigos da base de dados PUBMED e SCIELO. RESULTADOS: Uma falha do modelo antigo da “cascata” seria em relação à independência das vias extrínsecas e intrínsecas. Um exemplo que contestaria essa independência seria que na hemofilia A (deficiência de fator VIII) e na hemofilia B (deficiência de fator IX) apenas a via intrínseca está prejudicada, porém a via extrínseca não é capaz de compensar essa falha, levando o indivíduo a sangramentos. Outra situação seria o porquê de pacientes com deficiência de fator XII, cininogênio ou pré-calicreína, que estão envolvidos no início da via intrínseca, não apresentam evidências clínicas de hemorragias. Os testes in vitro são realizados com vesículas de fosfolipídios e não com células propriamente dita, talvez por isso o modelo da cascata seja ideal na teoria, mas não condizente com a realidade. Nesse modelo baseada nas superfícies celulares tudo começa com um dano ao endotélio, o que libera o fator tecidual (FT) na corrente sanguínea, onde logo se liga ao FVII. Eles formam um complexo responsável pela ativação de pequenas quantidades de Fator X. Este fator se liga ao fator V e transforma pequenas quantidade de protrombina em trombina (FIIa). Entretanto, esse montante de FIIa formado não é suficiente para ativar e formar um trombo. Esta é a fase de iniciação. A partir desse momento se inicia a fase de amplificação, ou seja, pequenas quantidades de trombina vão ativar diversos fatores, entre eles FV, FVIII, FX, FXI e FIX, além disso irão participar da formação do tampão plaquetário (hemostasia primária). Agora que diversos fatores estão na sua forma ativada e disponíveis inicia-se a fase de propagação. O FXIa transforma mais FIXa, que por sua vez se liga ao FVIII formando o complexo tenase. Este complexo FIXa/FVIII forma mais fator Xa, agora em grande quantidade, que irá se ligar ao FV (produzido na fase de propagação). Altos níveis de FXa irão gerar uma alta concentração de trombina (FIIa), que agora está em quantidade suficiente para transformar fibrinogênio em fibrina. A fibrina junto com o FXIII (fator estabilizador de fibrina) forma a rede de fibrina, uma malha resistente e capaz de estancar sangramentos (hemostasia secundária). CONCLUSÃO: Fica evidente que o modelo proposto em 1964 está defasado, contêm inúmeros falhas e não explica de maneira fidedigna a hemostasia in vivo. Com isso, o novo modelo permite um melhor entendimento tanto da coagulação quanto de coagulopatias, como a hemofilia. Porém, novos estudos devem ser produzidos afim de compreender ainda mais esse processo.
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Referências
Hoffman M. A cell-based model of coagulation and the role of factor VIIa. Blood Rev. 2003 Sep;17 Suppl 1:S1-5. doi: 10.1016/s0268-960x(03)90000-2. PMID: 14697207.
Hoffman M, Monroe DM 3rd. A cell-based model of hemostasis. Thromb Haemost. 2001 Jun;85(6):958-65. PMID: 11434702.
FERREIRA, Cláudia Natália et al . O novo modelo da cascata de coagulação baseado nas superfícies celulares e suas implicações. Rev. Bras. Hematol. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000500016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 03 Oct. 2020.
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