Autópsia Psicológica: uma revisão da literatura sobre a práxis profissional.

Autores

  • Anderson Paulo da Silva Centro Universitário Tiradentes
  • Andressa Pereira Lopes Centro Universitário Tiradentes

Palavras-chave:

Autópsia psicológica, entrevista retrospectiva, prática psicológica.

Resumo

Introdução - O sociólogo Émile Durkheim (2000), teorizou no fim do século XIX que os comportamentos, pensamentos e sentimentos eram determinados pela sociedade. Em seu livro “O suicídio”, estudou os fenômenos do comportamento suicida e descreveu o suicídio como comportamento influenciado por uma força coletiva que impulsiona o(s) individuo(s) a cometer(em) o ato, assim, uma manifestação (consequência) do estado social (DURKHEIN, 2000). Edwin Shneidman (1985 apud SARAIVA, 2010), suicidologista moderno, que tinha uma visão um pouco diferente do teórico clássico, acreditava que o comportamento suicida é uma manifestação da dor psicológica individual. Os dois teóricos convergem em um ponto importante e primordial na discussão da prática da autópsia psicológica, a intencionalidade do indivíduo em tirar a própria vida (DURKHEIN, 2000; SHNEIDMAN, 1985 apud SARAIVA, 2010). Partindo da intencionalidade do sujeito, o teórico Shneidman (WERLANG; MACEDO; ASNIS, 2005) cria a autópsia psicológica após ter sido requisitado para suprir uma necessidade de autópsia médica de suspeita de suicídio, mas não tinha como identificar e/ou confirmar a suspeita. Deste modo, com a autópsia psicológica foi possível reconstruir a bibliografia da pessoa falecida, identificando a motivação da “autodestruição” (de se matar), ou seja, a vida pregressa do sujeito é o objeto de estudo (WERLANG; MACEDO; ASNIS, 2005; WERLANG, 2012). Esta prática é realizada a partir de uma entrevista (semiestruturada) retrospectiva com os chamados de informantes (sobreviventes do suicídio) que são os familiares, amigos, médicos, etc., e com a análise de documentos (pessoais, policiais, acadêmicos, hospitalares, auto da necrópsia) (WERLANG; MACEDO; ASNIS, 2005; GARZA; SALTIJERAL, 1983; ACINAS; ROBLES; PELAEZ-FERNÁNDEZ, 2015). Desta maneira, é possível definir a intencionalidade e motivação(ões) do sujeito. Nesta prática retrospectiva, a reorganização daquilo que é lembrado da vida do sujeito por via investigativa é de extrema importância, visto que a precisão dos dados coletados serem duvidosos pela possível vulnerabilidade à tendenciosidade tanto dos informantes quanto de entrevistador (WERLANG; MACEDO; ASNIS, 2005; WERLANG, 2012). Objetivo(s) – Apresentar os aspectos teóricos, conceituais, objetivos e procedimentos da autópsia psicológica. Metodologia – revisão bibliográfica narrativa da literatura nas plataformas google acadêmico, pepsic, lilacs e livros. Resultados - A entrevista psicológica é apontada como um instrumento mais importante e indispensável para a realização da autópsia psicológica. No Brasil há pouca literatura acerca dos aspectos teóricos e conceituais da prática, porém há uma predominância na aplicabilidade voltada para o público idoso, enquanto há uma alta quantidade na literatura estrangeira sobre a autopsia psicológica, sobre seus aspectos conceituais e teóricos e sua aplicação prática. Conclusão(ões) - Percebe-se, portanto, que há algumas dificuldades que surgem desta prática devido a sua baixa aplicação profissional, pesquisa e publicação. A realidade social vem se alterando desde do surgimento da autópsia psicológica, inclusive sua reformulação do termo para autópsia psicossocial, que deveriam ser estendidas para as práticas profissionais e estudos acadêmicos, visto que é uma ferramenta de pesquisa de identificação epidemiológica, mas que deve ser realizada de forma adequada por profissionais capacitados e experientes.

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Biografia do Autor

Anderson Paulo da Silva, Centro Universitário Tiradentes

Graduando em Psicologia no Centro Universitário Tiradentes.

Andressa Pereira Lopes, Centro Universitário Tiradentes

Doutora em Psicologia e doscente no Centro Universitário Tiradentes.

Referências

ACINAS, M. P.; ROBLES, J. I.; PELAEZ-FERNÁNDEZ, M. A. Nota suicida y autopsia psicológica: Aspectos comportamentales associados. Actas Esp Psiquiatr. v. 43, n. 3, p. 69 – 79, 2015.

DURKHEIM, É. O suicídio: estudo de sociologia. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 421 – 450.

GARZA, G. T.; SALTIJERAL, M. T. La autópsia psicológica como método para el estúdio del suicídio. Sal. Pub. Méx. v. 25, n. 3, p. 285 – 293, 1983.

SARAIVA, C. B. Suicídio: de Durkheim a Shneidman, do determinismo social à dor psicológica individual. Sociedade Portuguesa de suicidologia. Portugal, v. 31, n. 3, p. 185 –205, 2011.

WERLANG, B. S. G. Autópsia pscológica, importante estratégia de avaliação retrospectiva. Ciência e Saúde Coletiva, v. 17, n. 8, p. 1955 –1962, 2012.

WERLANG, B. S. G.; MACEDO, M. M. K.; ASNIS, N. Entrevistas retrospectivas: autópsia psicológica. In: MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (org.). (Com)textos de entrevistas: olhares diversos sobre a interação humana. 1 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, p. 195 – 203.

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Publicado

2020-08-10

Como Citar

Paulo da Silva, A., & Pereira Lopes, A. (2020). Autópsia Psicológica: uma revisão da literatura sobre a práxis profissional. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (7). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/12311

Edição

Seção

Ciências da Saúde e Biológicas