NÍVEL DE ESCOLARIDADE COMO FATOR DE VULNERABILIDADE SOCIAL E SUA INFLUÊNCIA NO EXCESSO DE PESO DE MULHERES EM ALAGOAS, 2018
Palavras-chave:
Obesidade, Escolaridade, Vigilância nutricional.Resumo
Introdução: O nível de escolaridade é um fator variável capaz de interferir na forma como a população escolhe seus alimentos, podendo ser decisivo para a qualidade da alimentação e do autocuidado, como também para a capacidade de interpretar informações relativas à proteção da saúde (VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ et al., 2002). Portanto, acredita-se que a educação escolar é capaz de influenciar o conhecimento sobre alimentação e nutrição e ao estado nutricional dos indivíduos (CASTRO et al., 2010). Objetivos: Investigar a influência do nível de escolaridade como fator de vulnerabilidade social correlacionado ao excesso de peso de mulheres em Alagoas em 2018. Metodologia: Estudo transversal, utilizando dados secundários do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) referente ao ano de 2018 em Alagoas. Foram excluídas mulheres com dados incompletos de escolaridade. Definiu-se excesso de peso - variável de desfecho - a partir das classificações de sobrepeso e obesidade apresentadas pelo sistema, que utiliza pontos de corte da World Health Organization (1995). O nível de escolaridade (NE) - variável independente - foi apresentado condensando as graduações de escolaridade do sistema em cinco categorias: não-alfabetizado (NA), alfabetizado (AF), ensino fundamental (EF), ensino médio (EM) e ensino superior (ES). Estabeleceu-se as prevalências de sobrepeso e obesidade em função do NE, expressando os resultados em frequências relativas. Tratando-se de dados disponíveis no site do SISVAN, o estudo dispensa aprovação por comitê de ética em pesquisa. Resultados e discussão: Dos 3644 dados elegíveis, observou-se que a maioria das mulheres encontravam-se com excesso de peso, sendo 34,88% sobrepeso e 27,74% obesidade. Dentre as mulheres com sobrepeso (n=1271), 1,18% eram NA, 11,17% eram AF, 56,10% encontravam-se no EF, 28,25% no EM e 3,30% no ES. Entre aquelas com obesidade (n=1011), 2,47% eram NA, 9,30% eram AF, 61,52% achavam-se no EF, 23,05% no EM e 3,66% no ES. Considerando as categorias até EF, as prevalências de excesso de peso apresentaram-se maiores nos NE menores, corroborando com Ferreira et al. (2019), que encontraram associação inversa entre escolaridade e obesidade em mulheres brasileiras. Tais achados podem ser explicados por maior escolaridade relacionar-se com maior acesso à informação, medidas de controle de peso e maior busca aos serviços de saúde (FONSECA et al., 2012; LINS et al., 2013), neste sentido, denota-se a escolaridade como importante fator de vulnerabilidade social para o excesso de peso, destacando seu impacto na obesidade, que configura-se como fator de risco para outras doenças crônicas não transmissíveis (WHO, 2000). Conclusão: A utilização do SISVAN possibilitou identificar que o NE influenciou o excesso de peso das mulheres em Alagoas, entretanto, tendo em vista a grande quantidade de dados não-informados sobre o NE, faz-se necessária a alimentação adequada destas informações no sistema, para que os resultados sejam mais fidedignos.Downloads
Referências
CASTRO, N.M.G.; DÁTTALIO, M.; LOPES, L.C.C. Avaliação do conhecimento nutricional de mulheres fisicamente ativas e sua associação com o estado nutricional. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.32, n.1, p. 162-172, set. 2010.
FERREIRA, A.P.S.; SZWARCWALD, C.L; DAMACENA, G.N. Prevalência e fatores associados da obesidade na população brasileira: estudo com dados aferidos da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 22, e. 190024, 2019.
FONSECA, M.J.M.; FRANÇA, R.F.; FAERSTEIN, E.; WERNECK, G.L.; CHOR, D. Escolaridade e padrões de ganho de peso na vida adulta no Brasil: estudo Pró-Saúde. Rev Panam Salud Publica. v. 32, n. 5, p. 376-80, 2012.
LINS, A.P.M.; SICHIERI, R.; COUTINHO, W.F.; RAMOS, E.G.; PEIXOTO, M.V.M.; FONSECA, V.M. Alimentação saudável, escolaridade e excesso de peso entre mulheres de baixa renda. Ciên Saúde Colet. v. 18, n. 2, p. 357-66, 2013.
VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, G.; PIMENTA, A.M.; KAC, G. Epidemiologia do sobrepeso e da obesidade e seus fatores determinantes em Belo Horizonte (MG), Brasil: estudo transversal de base populacional. Revista Panamericana de Salud Pública, Bethesda, v. 75, n. 6, p. 971-77, jun. 2002.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Expert Committee on Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO expert committee. WHO technical report series: 854. WHO: Geneva; 1995. 463p.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. Geneva: World Health Organization, 2000. p. 256. WHO Obesity Technical Report Series, n. 284.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Semana de Pesquisa do Centro Universitário Tiradentes - SEMPESq - Alagoas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Oferece acesso livre e imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico contribui para a democratização do saber. Assume-se que, ao submeter os originais os autores cedem os direitos de publicação para a Sempesq. O autor(a) reconhece esta como detentor(a) do direito autoral e ele autoriza seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído e impresso, desde quando citada a fonte.