“Memória e Patrimônio: O Resgate do Primeiro Complexo Industrial Têxtil Alagoano, Fernão Velho

Autores

  • Joyce Caroline Cavalcante Pantaleão Centro Universitário Tiradentes
  • Débora Nascimento Oliveira Centro Universitário Tiradentes
  • Mônica Peixoto Vianna Centro Universitário Tiradentes

Palavras-chave:

Patrimônio industrial têxtil, Memória, Fernão Velho

Resumo

O projeto de pesquisa denominado“Memória e patrimônio: o resgate do primeiro complexo industrial têxtil alagoano, Fernão Velho”teve como objetivo compreender e estudar sobre a memória coletiva do atual bairro de Fernão Velho, de seu antigo núcleo residencial operário e também da pioneira “Companhia União Mercantil” atual“Fábrica Carmen”.Foram analisados todos os vestígios da cultura industrial, que possuam valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico e que ajudem no enquadramento do antigo núcleo operário como patrimônio industrial alagoano. Para isso, buscou-se entender os conceitos de memória, patrimônio material e imaterial, principalmente no que se refere a memória coletiva, relacionando diretamente todos esses conceitos com o bairro de Fernão Velho e os acontecimentos de sua história. A metodologia seguida foi a do grupo de pesquisa “Memória, Arquitetura e Paisagem (MAPA)”, do Centro Universitário Tiradentes, que consiste em compreender através dos aspectos materiais e imateriais, sobre a paisagem alagoana, sua arquitetura e urbanismo. É relevante mencionar que segundo Maurice Halbwachs (2006), a memória passa a existir na medida em que laços afetivos criam um sentimento de pertencimento a determinado grupo. Quanto ao patrimônio, vale ressaltar que de acordo com a nova definição da Constituição Federal de 1998, presente em seu Artigo 216, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN (2018), dentro do conceito de patrimônio cultural estão as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Dessa forma, entende-se que o patrimônio cultural pode ser material ou imaterial, e são esses conjuntos de bens culturais de naturezas diversas que carregam a história, com marcas do tempo e da identidade de locais e grupos da sociedade. Após quase um ano de pesquisa foi possível compreender sobre toda história desde que o bairro era o antigo núcleo operário até o fechamento da Fábrica e como isso interferiu diretamente na vida dos moradores e no funcionamento do bairro. Através dessa aproximação da história, vivência no local e dos relatos informais de seus moradoresfoi possível constatar a importância da memória presente no bairro e como muitos dos moradores tentam preservá-la. Foi possível também aplicar os conceitos que foram estudados através da bibliografia, iconografia e áudio visual e assimfazer uma análisetotalmente relacionada com que foi visto no bairro e sua realidade local. Observou-se como se desenvolveu a cultura e como ela ainda se expressa atualmente. Fundamentou-se que é possível enquadrar o bairro como patrimônio industrial alagoano, já quede acordo com a Carta de NizhnyTagil (2003), um dos valores do patrimônio industrial é o valor social como parte do registro da vida das pessoas, gerando um sentimento de identidade e apropriação pelo lugar. Sendo assim, o trabalho mostra a importância do resgate dessa memória coletiva,através de exemplares desse patrimônio industrial têxtil existentes atualmente no bairro, para a população local.

 

The research project called “Memory and patrimony: the rescue of the first textile industrial complex from Alagoas, Fernão Velho” aimed to compreend and study about the collective memory of the current neighborhood of Fernão Velho, from its former working-class residential core and also from the pioneer “Mercantile Union Company” the current “Carmen Factory”. All traces of industrial culture were analyzed, which have historical, technological, social, architectural or scientific value and that help in the framing of the old workers core as Alagoas industrial patrimony. For this, it was sought to understand the concepts of memory, material and immaterial heritage, especially regarding collective memory, directly relating all these concepts with
the neighborhood of Fernão Velho and the events of its history. The methodology followed was that of the research group “Memory, Architecture and Landscape (MAPA)”, from the Tiradentes University Center, which consists of nderstanding through material and immaterial aspects about the Alagoas landscape, its architecture and urbanism. It is worth mentioning that according to Maurice Halbwachs (2006), the memory comes into being in that emotional
ties create a feeling of belonging to a particular group. As for the property, it is noteworthy that according to the new definition of the 1998 Federal Constitution, present in its Article 216, according to the Institute of National Historical and Artistic Heritage, IPHAN (2018), within the cultural heritage concept are ways to expression; ways of creating, making and living; scientific, artistic and technological creations; works, objects, documents, buildings and other spaces intended for artistic and cultural events; urban ensembles and sites of historical, landscape, artistic, archaeological, paleontological, ecological and scientific value. Thus, it is understood that cultural heritage can be material or immaterial, and it is these sets of cultural goods of diverse natures that carry history, with marks of time and the identity of places and groups of society. After nearly a year of research, it was possible to understand the whole story from the neighborhood being the former working nucleus to the closing of the factory and how it directly interfered with the residents' lives and the functioning of the neighborhood. Through this approximation of history, experience in the place and the informal reports of its residents it was possible to see the importance of the memory present in the neighborhood and how many of the residents try to preserve it. It was also possible to apply the concepts that were studied through bibliography, iconography and visual audio and thus make a totally related analysis with what was seen in the neighborhood and its local reality. It was observed how did the culture develop and how it still expresses itself today. It was argued that it is possible to classify the neighborhood as an Alagoas industrial heritage, since according to the Letter from Nizhny Tagil (2003), one of the values of industrial heritage is social value as part of the record of peoples lives, generating a feeling of identity and appropriation by place. Thus, the work shows the importance of the rescue of collective memory, through examples of this textile industrial heritage existing in the neighborhood, for the local population.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AZEVEDO, Esterzilda B. de. Patrimônio industrial no Brasil. Arq. Urb. Revista Eletrônica deArquitetura e Urbanismo, São Paulo, n. 3, 2010. Disponível em: <http://www.usjt.br/arq.urb/numero_03/2arqurb3-esterezilda.pdf&gt>. Acesso em: 12 de jan. 2017.

BLAY, Eva A. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo, Nobel, 1985.

BONDUKI, Nabil G. Origens da Habitação Operária no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade: FAPESP, 1998.

CASTRO, Cristine Gonçalves de. Relações de poder no complexo fabril têxtil de Rio Largo:identificação inter-relações socioespaciais. 2015. 211 f. Dissertação (Mestrado em Dinâmicas doEspaço Habitado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2015.

CARTA DE NIZHNY TAGIL SOBRE O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL – TICCIH, 2013. Disponível em: www.ticcih.org. Acesso em: janeiro de 2019.

COSTA, Walkyria M.L.; FERRARE, Josemary O.P. Preservar a história e a memória urbana: o caso do patrimônio cultural edificado no “Alto do Pharol” - Maceió/AL. Disponível em: <http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/trabalho/366/preservar-a-historia-e-a-memoria-urbana-o-caso-do-patrimonio-cultural-edificado-do-alto-do-pharol--maceio-al>. Acesso em 10 de fev.

CORREIA, Telma de Barros. Moradia e trabalho: o desmonte da cidade empresarial. In: Encontro Nacional da ANPUR, 7., Recife, 1997. Anais... Recife: ANPUR, 1997.

DOCUMENTÁRIO MEMÓRIA DA VIDA E DO TRABALHO – PARTE 1. Estrela do Norte. Publicado em 6 de Nov de 2012.Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y8JT_SWJiOI&t=93s>.Acesso em: 20 de julho de 2019.

DOCUMENTÁRIO MEMÓRIA DA VIDA E DO TRABALHO – PARTE 2. Estrela do Norte. Publicado em 12 de Nov de 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Q1nWXTRrVJs&t=187s>. Acesso em: 20 de julho de 2019.

FARIAS, Ivo dos Santos. Dominação e resistência operária no núcleo fabril de Fernão Velho/AL (1953-1962). 2012. 115 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Instituto de Ciências Sociais, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2012.

FILHO, J. B. da S. Bairro de Fernão Velho. Tribuna de Alagoas, Maceió, 23 set. 1997.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução: Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução: Laurent Léon Schaffter. São Paulo: Vértice, 1990

IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 26, out., 2018.

KÜHL, Beatriz Mugayar. Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação. Revista do IEEE América Latina, Brasília, v. 4, p. 1-10, 2006.

LE GOFF, Jacques. Memória. In: _____. História e Memória. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

LESSA, Golbey. Ensaio - Para uma História da Indústria têxtil A voz do povo: espaço de reflexão e debate sobre a formação social alagoana. Disponível em :http://pcbalagoas.blogspot.com.br/2011/10/para-uma-historia-da-industria-textil.html>. Acesso em: 5 de jan. 2017.

LINDOSO, Dirceu. Interpretação da Província: estudo da cultura alagoana. 2ª Ed., Maceió: Edufal, 2005.

LONDRES, Cecília (org.). Revista Tempo Brasileiro n. 147: PatrimônioImaterial. Rio de Janeiro, out./dez., 2001.

ROCHA, Thaíse Sá Freire: Refletindo sobre memória, identidade e patrimônio: as contribuições do programa de Educação Patrimonial do MAEA-UFJF. Disponível em: <http://www.encontro2012.mg.anpuh.org/resources/anais/24/1340766055_ARQUIVO_Artigo-Anpuh.pdf>. Acesso em: 15 de jan. 2019.

MARINGONI, Gilberto. História – Império de crises. Disponível em: Acesso em: 17 de fev. 2018.

NORA, Pierre. Entre a memória e a história: a problemática dos lugares. Tradução: Yara AunKhoury. Projeto História. São Paulo: PUC, 1981.

PAIVA FILHO, Arnaldo. Rio Largo: cidade operária. Maceió: SENAI/AL, 2013.

PAJUÇARA COMUNIDADE – FERNÃO VELHO. Publicado em 8 de julho de 2015. Produzido por Orbitas Imagens Aérea. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9N8-dBRy_ZI&t=360s>.Acesso em: 2 de agosto de 2019

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Tradução: Dora Rocha Flaksman. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1989.

ROZISKY, Cristina Jeannes. A Memória do Patrimônio. Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/cccss/25/bens-culturais.html>. Acesso em 10 de jan. 2019

SILVA, J. D. do N.; PALMEIRA, Maria Verônica L. Heranças e Transformações de um Bairro Industrial: o caso de Fernão Velho, Maceió-AL. In Segundo Seminário de Patrimônio Agroindustrial - Lugares de Memória, 2010. Anais... São Carlos, 2010. p.1-16.

THIESEN, Beatriz Valladão. Arqueologia industrial ou arqueologia da industrialização? Mais que uma questão de abrangência. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/arqueologia_industrial.pdf>. Acesso em 10 de jan. 2019

TICIANELI, Edberto. O Natal de Félix Lima Júnior em Bebedouro. Disponível em: <https://www.historiadealagoas.com.br/o-natal-de-felix-lima-junior-em-bebedouro.html> Acesso: 10 de janeiro de 2019

VIANNA, Mônica Peixoto. O desmonte e a conversão dos núcleos residenciais operáriosconstruídos pela CESP. Revista Risco, São Carlos, v. 4, 2006, p. 21-35.

Downloads

Publicado

2020-08-10

Como Citar

Pantaleão, J. C. C., Oliveira, D. N., & Vianna, M. P. (2020). “Memória e Patrimônio: O Resgate do Primeiro Complexo Industrial Têxtil Alagoano, Fernão Velho. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (7). Recuperado de https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/11938

Edição

Seção

PROBIC E PIBIC