OBSERVAÇÕES ACERCA DAS ATUAIS CONDIÇÕES DE PARTO NO BRASIL
Palavras-chave:
assistência ao parto, humanização, práticas obstétricasResumo
Com o advento de novas tecnologias e técnicas somadas a ampliação do conhecimento do profissional de saúde, pode-se afirmar que o nascimento no ambiente hospitalar se tornou cada vez mais seguro e indicado. No entanto, alguns questionamentos sobre as condições de parto são levantados, já que grande parte das práticas obstétricas não condizem com a ideia de humanização. O quantitativo de cesáreas, sem justificativas clínicas, chama bastante atenção, visto que, de acordo com o Ministério da Saúde, em 2015, no Brasil, o percentual de partos cesáreos era de 40% na rede pública, chegando a 84% na saúde suplementar. Já nos levantamentos da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), as cesáreas na rede privada chegam a 88%. Tais dados são alarmantes, visto que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as cesáreas não deveriam ultrapassar 15%, sendo realizadas apenas em situações específicas onde o parto normal seja contra-indicado. Além disso, preconiza-se a realização das boas práticas obstétricas, baseadas em um ambiente favorável ao parto, respeito à privacidade da parturiente e direito a acompanhante resguardado. Para tanto, práticas prejudiciais devem ser abolidas, como uso de ocitocina para induzir ou acelerar o parto, amniotomia e episiotomia (sem indicações médicas) que contradizem com o aspecto emocional e humano da mulher. OBJETIVOS: Discutir a problemática da realização de cesáreas indiscriminadamente em detrimento do parto normal, assim como a necessidade de atendimento humanizado em ambientes bem estruturados para tal, com foco no bem estar materno-infantis, respeitando as diretrizes impostas pelo Sistema Único de Saúde. METODOLOGIA: Utilizou-se bancos de dados do Ministério da Saúde, FioCruz e artigos disponibilizados na base Scielo. RESULTADOS: Diante dos dados analisados, percebe-se que ainda há uma precariedade dos sistemas quanto à estrutura necessária para uma assistência adequada ao parto. Muitas vezes medidas desnecessárias são adotadas, apenas com o intuito de acelerar o trabalho de parto, não levando em consideração as condições emocionais e fisiológicas da mãe e do bebê, denotando assim, poucos subsídios para um parto humanizado e seguro, o que acaba desestimulando as gestantes a optarem pelo parto natural. CONCLUSÕES: Apesar dos novos avanços tecnológicos e consequente diminuição dos riscos de parto, o atendimento excessivamente medicalizado e pouco fisiológico ainda é uma realidade que precisa ser mudada para objetivar o completo bem-estar da saúde da mulher. Ademais, além de políticas públicas que já estimulam o parto humanizado, é preciso, também, que mulheres se empoderem buscando informações e garantia de seus direitos e que haja uma conscientização na cultura médica.Downloads
Referências
ALMEIDA, S.; et al. Significant differences in cesarean section rates between a private and a public hospital in Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 12, p. 2909-2918. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008001200020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 de out. 2018.
ECKSTEIN, L. Ministério da Saúde e ANS publicam regras para estimular parto normal na saúde suplementar. Brasília: Ministério da Saúde. 2015. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/34963-ministerio-da- -saude-e-ans-publicam-regras-para-estimular-parto- -normal-na-saude-suplementar>. Acesso em: 26 de out. 2018.
LANSKY, S.; et al. Pesquisa Nascer no Brasil: perfil da mortalidade neonatal e avaliação da assistência à gestante e ao recém-nascido. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v30s1/0102-311X-csp-30-s1-0192.pdf>. Acesso em: 26 de out. 2018.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf>. Acesso em: 26 de out. 2018.
NASCER NO BRASIL. Inquérito nacional sobre parto e nascimento. Disponível em: <http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/principais-resultados2/>. Acesso em: 27 de out. 2018.
NASCER NO BRASIL. Ministério da Saúde e Fiocruz divulgam resultados de pesquisa sobre atenção ao parto e nascimento no país. Disponível em: <http://redehumanizasus.net/84530-nascer-no-brasil-ministerio-da-saude-e-fiocruz-divulgam-resultados-de-pesquisa-sobre-atencao-ao-parto-e-nascimento-no-pais/>. Acesso em: 26 de out. 2018.
OMS. Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento. Disponível em: <http://static.hmv.org.br/wp-content/uploads/2014/07/OMS-Parto-Normal.pdf>. Acesso em: 27 de out. 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Semana de Pesquisa do Centro Universitário Tiradentes - SEMPESq - Alagoas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Oferece acesso livre e imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico contribui para a democratização do saber. Assume-se que, ao submeter os originais os autores cedem os direitos de publicação para a Sempesq. O autor(a) reconhece esta como detentor(a) do direito autoral e ele autoriza seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído e impresso, desde quando citada a fonte.