AVALIAÇÃO INTERATIVA-MEDIADORA: UMA FRAMEWORK PARA AVALIAR A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ONLINE
Palavras-chave:
Avaliação Interativa-mediadora, Avaliação da Aprendizagem Online, Interatividade, Mediação Docente Online, Educação Online.Resumo
A Avaliação Interativa-mediadora é um construto teórico oriundo de uma pesquisa de Doutorado que teve como objetivo compreender como cursos com proposta de Educação Online concretizavam a avaliação da Aprendizagem. A framework Avaliação Interativa-mediadora, que tem como base a interatividade e mediação pedagógica como elementos essenciais e indissociáveis para avaliar a aprendizagem na Educação Online, é um direcionador para o trabalho de docentes de quaisquer áreas do conhecimento, constituindo-se de um ciclo que se retroalimenta e possibilita a construção da identidade do professor neste novo cenário educativo que é Educar na Cibercultura. Imergindo em dois casos, o que caracteriza como estudo de caso múltiplos (YIN, 2010), por sua notoriedade no que tange ao tratamento da avaliação da aprendizagem online, sendo um no cenário brasileiro, que foi no de Licenciatura em Pedagogia online da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Consórcio CEDERJ-UERJ), e o outro no contexto internacional, no curso de Mestrado de Pedagogia do Elearning da Universidade Aberta de Portugal (UA-PT). Tratando-se do aspecto metodológico a pesquisa é configurada como qualitativa, de tipologia descritiva e explicativa, sendo bibliográfica, documental e de campo. Teve como instrumento de coleta de dados a aplicação de entrevistas semiestruturadas com os docentes das disciplinas, grupo focal com os docentes da UERJ e, questionário Google Docs com discentes. A análise dos dados foi elaborada através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016) e através do Software Atlas Ti. A motivação deste estudo emergiu da inquietação, resultante de estudo do mestrado, que teve como temática "A interatividade como processo da avaliação da aprendizagem no educar online", onde se concluiu que é possível avaliar tendo a interatividade como base de tal prática, configurando para tal um novo olhar para as práticas avaliativas em Educação Online (ARAÚJO, 2013). Esta experiência, apesar de ter suscitado interatividade como instrumento de avaliação da aprendizagem, mostrou-nos também lacunas que precisam ser superadas, como por exemplo a questão do não aproveitamento da potencialidade das interfaces disponíveis no ambiente online, uma vez que a interatividade se dá na maioria dos cursos apenas a partir do uso dos chats e fóruns. Há uma gama de outras interfaces que possibilitam autoria, coautoria e que são subutilizadas pelos docentes ou simplesmente relegadas por motivos diversos, o qual a formação e a falta de competência para o uso didático das mesmas certamente devem perpassar como pontos a se refletir. Neste sentido, um dos grandes desafios que se colocam tange à avaliação do processo de ensino e aprendizagem online. A prática avaliativa online, sendo um dos cernes da práxis docente, deve ser ressignificada a partir das possibilidades do ciberespaço, com sua multiplicidade de interfaces disponíveis que favorecem a interatividade, a colaboração, a autoria e a coautoria, contudo não é o que vislumbramos em diversas práticas na Educação Online (EOL), onde o objetivo da avaliação tem se calcado em uma abordagem instrucionista e reprodutivista. Além disto, a própria legislação brasileira não favorece a reflexão de que uma nova modalidade educativa necessita ser concretizada a partir um novo olhar em todos os sentidos, tanto teórico como prático, e no que tange ao avaliar a aprendizagem, coloca como primazia o processo de avaliação presencial em detrimento do virtual (BRASIL, 2005). Visando construir um processo de avaliação de aprendizagem que fosse dialógico, formativo, crítico, e que contivesse a interatividade (SILVA, 2014; PRIMO, 2008), elemento de base da EOL e, a mediação pedagógica online, a Avaliação Interativa-Mediadora se coloca como uma framework que nos possibilita a reflexão da avaliação da aprendizagem online a partir de uma perspectiva de autoria, coautoria, construção colaborativa e significativa do conhecimento. De tal modo, temos como base teórica que fundamenta a Avaliação Interativa-mediadora online os os conceitos de Interatividade (SILVA, 2014; PRIMO, 2008) e de Mediação Pedagógica Online (VIGOTSKI, 2008, 2015; GUTIERREZ E PIETRO, 1994; MASETTO, 2017; SÁ e SILVA, 2013; SÁ , 2011; e, D´AVILA, 2013), além dos conceitos de Avaliação Mediadora (HOFFMANN, 2014) e o de Avaliação Alternativa Digital (PEREIRA; OLIVEIRA; AMANTE, 2015). Tais bases e com as lentes dos estudos de casos nos possibilitou a criação do construto de Avaliação Interativa-Mediadora, conforme figura abaixo: Figura 1: Construto Teórico de Avaliação Interativa-Mediadora para EOL Fonte: Elaboração Própria baseada nos estudos de casos realizados e em construtos teóricos. Entendendo a figura 1 iniciamos com o conceito de Mediação Pedagógica Online tendo como passo 0 a compreensão do conceito do processo educativo online, que de maneira concomitante dialoga com a compreensão docente da interatividade bem como das singularidades da avaliação da aprendizagem no cenário online. Adentrando o passo 1 temos como entendimento que o professor dar início ao ato educativo por meio da criação do desenho didático, o qual se refere especificamente ao binômio potencialidade-permutabilidade do conceito de interatividade (SILVA, 2014), tendo como objetivo que tal desenho seja interativo, não desconsiderando em mesmo tempo o conhecimento da turma com que irá trabalhar de modo a um avaliar diagnóstico do conhecimentos básicos a priori dos alunos, sendo anterior ao iniciar da disciplina em construção, de modo a atender a diversidade discente de aprendizagem. No Passo 2 o docente há o emergir da docência em seu fundamento elementar, que é de mediação nas interfaces, que interage simultaneamente com todos os binôminos que consolidam a Interatividade e possibilita ao mesmo realizar a abordagem formativa de avaliação, utilizando autoavaliação e heteroavaliação, considerando assim a inclusão discente no processo avaliativo, convidando a autonomia e responsabilidade pelo seu aprendizado. No terceiro e último passo temos a quase finalização do processo, em que em trabalho colaborativo entre docência e discência há uma avaliação do percurso formativo, o que também se concretiza de maneira recursiva com o conceito e prática na disciplina da interatividade bem como refletir sobre as abordagens avaliativas formativa e somativa. Este último aspecto possibilita na prática o findar do percurso e que os sujeitos realizem prospecções do que não foi construído, além, do docente realizar a autorreflexão do seu trabalho de modo a ressignificar o seu fazer no âmbito educativo online.Downloads
Referências
ARAÚJO, Renata. A interatividade como processo da avaliação da aprendizagem na educação online. 2013. 199 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Educação Matemática e Tecnológica, UFPE, Recife, 2013. Disponível em: <http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/13242>. Acesso em: jun. 2016.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. 3ª reimp da edição 2016. São Paulo: Edições 70, 2016. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/nova/acs_portaria4059.pdf>. Acesso em: 12 out.2019.
BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo 80 da Lei 9394/96. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/dec_5622.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2005.
D´AVILA, Cristina. Decifra-me ou te devorarei: o que pode o professor frente ao livro didático? 2 ed.- Salvador:EDUNEB; EDUFBA, 2013.
GUTIERREZ, Francisco; PRIETO, Daniel. A mediação pedagógica: educação à distância alternativa. Campinas, SP: Papirus, 1994. (Educação Internacional do Instituto Paulo Freire).
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 33. ed. Porto Alegre: Mediação, 2014.
PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura e cognição. 2 ed. Porto Alegre: Sulina, 2008. (Coleção Cibercultura).
MASSETO, Marcos T. Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In:MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos; BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. Edição revista e atualizada. Campinas, SP: Papirus, 2017.
PEREIRA, Alda; OLIVEIRA, Isolina; AMANTE, Lúcia. Fundamentos da Avaliação Alternativa Digital. In: CARDOSO, Teresa; PEREIRA, Alda; NUNES, Luís. Avaliação e tecnologias no ensino superior. Ebook, Laboratório de Educação a Distância e Elearning (LE@D), Universidade Aberta de Portugal, 2015. Coleção eBookLead. Disponível em: <http://www.slideshare.net/leaduab/e-book1-lead2015>. Acesso em: 17 out. 2019.
SÁ, Helena Rodrigues de. Mediação docente e desenho didático na Educação Online: Perspectivas de complexidade e interatividade. Dissertação Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.estacio.br/mestradoedoutorado/docs/dissertacao-mestrado/Helena-Sa-completa.pdf>. Acesso em: 17 out. 2019.
______; SILVA, Marco. Mediação docente e desenho didático: uma articulação complexa na educação online. Revista Diálogo Educacional, v. 13, n. 38, 2013. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/dialogo?dd1=7635&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 17 out. 2019.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa: educação, comunicação, mídia clássica, internet, tecnologias digitais, arte, mercado, sociedade e cidadania. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2014. (Coleção práticas educativas).
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Organizadores Michael Cole et al. Tradução José C. Neto, Luís S. M. Barreto, Solange C. Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015. (Psicologia e Educação).
_____. Pensamento e linguagem. Tradução Jefferson Luiz Camargo; revisão técnica José Cipolla Nelo-4 ed.-São Paulo: Martins Fontes, 2008. (Psicologia e educação).
YIN, Roberto. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução Ana Thorell; revisão técnica Cláudio Damacena- 4. Ed.-Porto Alegre: Bookman, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que submetem a este evento concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais sobre o trabalho, permitindo ao evento colocá-lo sob uma licença Licença Creative Commons Attribution, que permite livremente a outros acessar, usar e compartilhar o trabalho com o crédito de autoria e apresentação inicial nesta conferência. b) Autores podem abrir mão dos termos da licença CC e definir contratos adicionais para a distribuição não-exclusiva e subseqüente publicação deste trabalho (ex.: publicar uma versão atualizada em um periódico, disponibilizar em repositório institucional, ou publicá-lo em livro), com o crédito de autoria e apresentação inicial nesta conferência. c) Além disso, autores são incentivados a publicar e compartilhar seus trabalhos online (ex.: em repositório institucional ou em sua página pessoal) a qualquer momento antes e depois da conferência.