MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS PREDITORAS DO PERFIL LIPÍDICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO

Resumo

INTRODUÇÃO: Medidas e índices antropométricos tem sido sugeridos como potenciais ferramentas para o reconhecimento de fatores de risco cardiovasculares em crianças e adolescentes, visto que são eficientes na identificação de adiposidade abdominal e corporal. As associações mais comumente encontradas são entre IMC, circunferência da cintura e relação cintura-altura com níveis adversos de triglicérides, colesterol total, LDL e HDL (FREEDMAN et al., 2009; HASHEMIPOUR et al., 2011; SUÁREZ-ORTEGÓN et al., 2013; DE QUADROS et al., 2015). OBJETIVO: Investigar possíveis associações entre os indicadores antropométricos e bioquímicos (perfil lipídico e glicemia) de crianças e de adolescentes com excesso de peso. METODOLOGIA: Estudo de delineamento híbrido do tipo retrospectivo e transversal com crianças e adolescentes com diagnóstico antropométrico de excesso de peso atendidas em ambulatórios de nutrição infantil da cidade de Aracaju/Sergipe. Foram coletadas medidas de peso, estatura, circunferências do braço, da cintura e do quadril e dobras cutâneas tricipital e subescapular, padronizadas de acordo com SISVAN (BRASIL,2008). Após foram calculados o escore z do IMC/Idade e estatura/idade segundo OMS (WHO, 2006; 2007) com pontos de corte do SISVAN (BRASIL, 2011) e também a relação cintura-altura, relação cintura-quadril, índice de conicidade e somatório das dobras cutâneas. Foram coletados dados de colesterol total, LDL, HDL, triglicérides e glicemia de jejum e classificados conforme pontos de corte adotados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2012). Calculou-se os índices de risco cardiovascular TG/HDL, CT/HDL e LDL/HDL. Foi utilizada a análise linear multivariada com significância estatística de p<0,05. RESULTADOS: Das 100 crianças e adolescentes, 21% foram classificadas como sobrepeso, 54% como obesidade e 25% como obesidade grave. O HDL obteve o maior percentual de inadequação (53,8%), seguido do CT (48,8%), TG (31,5%) e LDL (11,1%). Nas crianças, a circunferência braquial foi preditor de alterações nos triglicérides e da relação TG/HDL. Nos adolescentes a dobra cutânea subescapular foi preditor de alterações no colesterol total e LDL. CONCLUSÃO: A circunferência braquial e dobra cutânea subescapular mostraram-se preditores de alterações dos componentes lipídicos do sangue em crianças e adolescentes, respectivamente. Assim, tais medidas podem ser potencialmente utilizadas para a identificação de fatores de risco cardiovasculares na população infanto-juvenil.