DETERMINANTES DO GANHO DE PESO E ESTRATÉGIAS PARA PERDA PONDERAL EM ADULTOS SOBREPESADOS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE PERDA DE PESO
Palavras-chave:
PALAVRAS-CHAVE, Obesidade, Perda de peso, Adesão.Resumo
INTRODUÇÃO: A obesidade atinge cerca de 18% dos brasileiros¹ considerada o maior problema de saúde pública da atualidade, vem provocando elevados custos para os cofres públicos². Observa-se que as estratégias mais comuns para seu enfrentamento dizem respeito a mudanças dietéticas, prática de exercícios físicos, uso de fármacos e intervenção cirúrgica3. Porém, a efetividade destes tratamentos em longo prazo é bastante variável, estudos apontam que a resposta para tal variabilidade pode estar nas barreiras individuais encontradas para a adesão ao tratamento4,5. Uma vez que, independente da estratégia, com o passar do tempo há um decréscimo na perda ponderal devido a adaptações neuro-hormonais, o que pode acabar desmotivando o paciente e promovendo um ganho de peso subsequente6. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi investigar as práticas anteriores de estratégias para perda ponderal e as principais barreiras identificadas entre indivíduos sobrepesados selecionados para um programa de perda de peso. METODOLOGIA: O estudo foi conduzido com indivíduos sobrepesados/obesos, selecionados para participar de um programa de perda de peso envolvendo estratégias dietéticas e exercícios físicos. Os dados foram obtidos através da anamnese de saúde e nutrição aplicada na seleção de participantes com o objetivo de caracterização da amostra. A anamnese consistiu em questionário estruturado com questões de múltipla escolha, composto por perguntas referentes à antecedentes familiares, histórico ponderal, tratamentos anteriores, resultados e adesão, além disso, foi realizada avaliação dietética, a partir de recordatório de 24h. Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, analisando a prevalência e teste qui-quadrado para avaliar possíveis diferenças entre gênero, IMC e faixa etária. RESULTADOS: A amostra foi composta por 106 indivíduos com IMC entre 24,9 e 34,9Kg/m², destes 64% eram do sexo feminino e 59,6% eram obesos. Dentre as justificativas para o excesso de peso, 65,9% da amostra relataram os erros alimentares como principal determinante, sendo este determinante estatisticamente significativo entre os obesos (p<0,05), de forma coerente com esta informação, a análise dietética destes indivíduos mostrou que mais de 60% possui ingestão de gorduras saturadas e colesterol acima do recomendado, e 71% apresentam baixa ingestão de fibras. Quanto aos tratamentos anteriores, 43% da amostra relatou tentativa anterior de perda de peso, destes, 78,3% recorreram a prática de exercícios físicos, 73% relataram a adoção de estratégias dietéticas e 28,3% afirmaram fazer uso de medicamento, sendo esta estratégia encontrada principalmente entre os obesos (p<0,05). Dos indivíduos que relataram a prática de alguma estratégia para perda de peso, 93,5% relataram desistir do tratamento por falta de adesão e/ou persistência, 10,9% devido as severas restrições alimentares e 8,7% devido efeitos colaterais dos medicamentos. Além disso, 86,6% dos indivíduos que adotaram alguma estratégia para perda de peso relataram posterior recuperação do peso perdido. CONCLUSÃO: Os indivíduos obesos participantes deste estudo reconhecem os fatores do seu cotidiano que promovem o ganho ponderal, assumindo o hábito alimentar como principal determinante. Além disso, os mesmos buscaram tratamentos e o insucesso também foi reconhecido, considerando como principal fator a falta de persistência/adesão as estratégias, levando consequentemente a recuperação do peso em um alto percentual da amostra.Downloads
Referências
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