PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADO A FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES DIABÉTICOS ASSISTIDOS NO AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SERGIPE

Resumo

INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte em mulheres e homens no Brasil. São responsáveis por cerca de 20% de todas as mortes em indivíduos acima de 30 anos. (MANSUR, 2001; MARINHO DE SOUZA, 2001; MANSUR E FAVARATO, 2012). Pacientes com diabetes mellitus estão sujeitos a um aumento no risco de doenças cardiovasculares quando em comparação com não diabéticos (BERTOLUCI, 2014). Tanto a quantidade como a qualidade dos carboidratos constitui um importante fator preditor de doenças cardiovasculares e diabetes (WILLETT; MANSON; LIU, 2002; LAU, et al. 2005). OBJETIVOS Associar o consumo alimentar aos fatores de riscos para doenças cardiovasculares em usuários do ambulatório de nutrição do hospital universitário de Sergipe. METODOLOGIA Trata-se de um estudo transversal, descritivo e de abordagem quali e quantitativa. A amostra foi composta por adultos e idosos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe sob número do CAAE 45524615.0.0000.5546. Foram utilizados para avaliação nutricional o questionário de frequência alimentar, diagnóstico clínico no prontuário médico da presença de fatores de risco cardiovascular e exames bioquímicos. RESULTADOS Dentre os 50 pacientes com DM2, 80% foi do sexo feminino. A média de idade foi de 57,5 ± 13,4 anos. Com relação às comorbidades, 84% dos pacientes apresentavam hipertensão, 62% dislipidemia e 16% doenças cardiovasculares. A média do IMC foi de 32,72 ± 10,15 kg/m², sendo que 72% da população apresentaram-se acima do peso. A média da circunferência abdominal foi de 109,01 ± 17,94 cm entre as mulheres e 94,85 ± 8,91 cm nos homens. A média da circunferência do pescoço verificada foi 37,19 ± 3,57 cm. A classificação do risco cardiometabólico avaliado pela CA, verificou-se que 66% da população apresentaram risco muito elevado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e 18% risco elevado. Ao analisar os indicadores de risco cardiovascular, CP e relação Cintura/Estatura, 72% e 90% dos entrevistados apresentaram risco elevado para complicações metabólicas, respectivamente. A média de glicemia de jejum (145,98 ± 55,71 mg/dL) e hemoglobina glicada (8,15 ± 1,83 %) mostrou que os pacientes encontravam-se em uma fase de descompensação da doença. As médias das demais variáveis bioquímicas foram: colesterol total (189,48 ± 49,52 mg/dL), triglicerídeos (168,51 ± 87,94 mg/dL) e LDL-c (112,16 ± 42,61 mg/dL). A média de HDL-c no sexo masculino foi de 40, 20 ± 9,10 mg/dL e no feminino 43,58 ± 10,62 mg/dL, abaixo dos valores de referência. Ao analisar o consumo dos grupos alimentares observou-se que as medianas do consumo de cereais, hortaliças, leite e derivados, se encontraram abaixo da recomendação. Com relação à associação entre consumo e indicadores de risco cardiovascular foi encontrada uma associação positiva entre o relato de consumo de alimentos fontes de carboidratos simples e a presença de hipertensão arterial e alterações da circunferência do pescoço. CONCLUSÃO As associações encontradas entre o baixo consumo dos grupos alimentares cereais, hortaliças, leites e derivados e a presença do risco cardiovascular tais como, alterações antropométricas e alterações metabólicas apontam um risco elevado para o desenvolvimento doenças cardiovasculares.